Once Upon a Time [2º Temporada]

A primeira temporada de Once Upon a Time, apesar de seu tom novelístico, conseguiu me prender bastante, e eu gostei de acompanhar a série, mesmo em seus episódios mais parados. Mas, se na primeira temporada o trunfo era a nova roupagem que estava sendo dada às histórias clássicas dos contos de fadas, a segunda temporada conseguiu expandir esse conceito. E o resultado não podia ser melhor.

Logo de cara, a segunda temporada nos traz um novo vilão, muito mais ameaçador do que os vilões emocionalmente perturbados da primeira. Além disso, o foco deixa de ser o drama individual de todos aqueles personagens de contos de fadas que ficaram presos no nosso mundo, e passa a ser a ameaça que esse novos personagens podem representar aos protagonistas. Ou seja, diminui, e muito, todo aquele excesso de drama e romance idealizado que tinha na primeira temporada, mas tudo isso sem descaracterizar os personagens que foram previamente construídos. Ainda há romance e toda aquela mensagem de que o amor verdadeiro pode vencer tudo, mas esses elementos deixam de ser tão explícitos e repetitivos ao longo dos episódios, e passam a apenas fazer parte daquilo que cada personagem acredita.
  Os flashbacks que contam a história dos personagens na Floresta Encantada diminuem, e os poucos que tem não são tão surpreendentes quanto foram os da primeira temporada. Eles deixam ser o que move a série, já que agora o foco não é mais o que aconteceu antes da maldição, e sim o que está acontecendo no presente. Em compensação, são apresentados novos personagens, com backgrounds tão surpreendentes quanto àqueles que vimos ao longo da temporada passada. Por sinal, os novos personagens que nos são apresentados são sensacionais, principalmente o Capitão Gancho e o Neal, que não vou falar quem é, porque essa revelação é uma das maiores surpresas dessa temporada. 
Outro ponto interessante é o fato de que a série começa a mostrar que tudo está conectado, ela liga a história individual de cada personagem, e depois os conecta com tudo o que está acontecendo, tanto no nosso mundo quanto no deles. Além disso, temos a introdução de um pouco de ficção científica na série, que começa a explicar a magia, e a limitá-la, mostrando que até mesmo aqueles seres mágicos estão sujeitos às leis naturais. Isso é muito interessante, apesar de ter sido abordado de forma breve, pois parece que isso vai ser mais desenvolvido na terceira temporada. 
Prepare-se também pra muitas reviravoltas, pois essa temporada está repleta delas. Quando você começa a achar que um problema é grande, rapidinho os roteiristas te dão uma rasteira e te mostram que tem algo muito maior acontecendo por trás dos panos. E comece a se acostumar com a ideia de vilões virando mocinhos pra depois voltarem a ser vilões e então virarem mocinhos de novo, e, porque não, de mocinhos que viram vilões. Afinal, uma coisa interessante que essa série faz é tentar explorar o psicológico dos vilões, tentando dar uma background consistente à eles. Os vilões tem carisma, e isso é inegável, mas quando você se defronta com alguns fatos obscuros de seu passado, a gente tem aquele estalo e lembra que não é uma boa ação que vai apagar um passado de decisões erradas. E isso é algo legal da série, ela joga alguns dilemas morais que são legais de serem abordados. E eu adoro isso, quando além de me divertir, sou desafiado a pensar. 
Enfim, Once Upon a Time pode não ser uma série “massa véio” igual Game of Thrones (não que GoT não tenha conteúdo, muito pelo contrário, mas é uma série com muito mais ação), o que acaba afastando o público masculino da série. Porém, a segunda temporada melhorou muito em relação a esse ponto. E não se esqueçam de que são duas séries diferentes, com propostas diferentes, e se souber como assistir, pode tirar muito proveito de uma das melhores séries do gênero.