"O vento uiva pela noite trazendo consigo um aroma capaz de mudar o mundo."

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

"Eragon é um jovem de 15 anos que, ao sair para caçar e encontrar na floresta uma pedra azul, polida, se vê da noite para o dia no meio de uma disputa pelo poder do Império. A vida de Eragon muda radicalmente ao descobrir que a pedra azul é, na realidade, um ovo de dragão. Quando a pedra se rompe e dela nasce Saphira, Eragon é forçado a se converter em herói. O jovem é lançado para um arriscado mundo novo movido pelas tramas do destino, da magia e do poder. Empunhando apenas uma espada e seguindo as palavras de um velho contador de histórias, Eragon e o leal dragão terão de se aventurar por terras perigosas e enfrentar inimigos das trevas em um Império governado por um rei cuja maldade não conhece fronteiras."
Ok. A primeira vista e apenas com a sinopse em mãos, Eragon mais parece uma mistura sem criatividade de Senhor dos Anéis e Guerra nas Estrelas do que o promissor início de uma saga épica. No entanto, como comecei a ler o livro livre de qualquer tipo de preconceitos - nem mesmo a sinopse eu tinha lido, simplesmente me apaixonei pela arte de capa - pude aproveitar cada parágrafo da envolvente e apaixonante aventura.
Eragon é o romance de estréia do autor estadunidense Christopher Paolini, - que o terminou de escrever com apenas 16 anos, ainda cursando o Ensino Médio - portanto já esperava algumas 'pontas soltas'. Devido à essa inexperiência o livro peca em alguns pontos. O que mais me chamou a atenção foi a falta de descrição em certos momentos da trama, de certa forma até confusos, enquanto outros são extramamente detalhados. Muitos mistérios e informações são jogadas, obviamente aqui uma estratégia do autor, que pretende desenvolvê-los melhor nos outros livros da série.
Os fãs de Sci-Fi terão a impressão de 'déjà vu', o que é natural. A influência de Guerra nas Estrelas reflete-se no protagonista, jovem camponês órfão que cresceu aos cuidados do tio em uma cidade periférica do império; na ordem dos Cavaleiros de Dragão, defensores da terra da Alagaësia, do imperador, renegado da Ordem dos Cavaleiros que tomou o poder com o domínio de magia negra; em Brom, o contador de histórias que secretamente detinha o conhecimento necessário para instruir o jovem cavaleiro. Elfos, anões, Terra-Média, Tolkien, dirão os mais chatos. Não percebem que é justamente aí que o talento do autor fica nítido.
Christopher cria todo um universo próprio e muito bem descrito a partir dessas ideias com as quais já estamos tão acostumados, onde a trama envolve o leitor, deixando-nos sempre com aquele gostinho de quero mais, aqueles fios soltos que só nos próximos livros serão explicados. Eragon é diferente de outras obras de ficção porque discute questões que não estamos acostumados a questionar. O que leva uma pessoa a se tornar herói? Como que de repente alguém encontra forças para fazer o que antes ninguém teve coragem de fazer? Qual o sentido da vida? Eragon sente pesar toda vez que mata um homem, coisa mais natural para alguém que até poucos dias atrás vivia no campo com a família. Essas questões, tão óbvias mas sempre desconsideradas, tornam Eragon uma obra que nos aproxima do protagonista. Sentimos com ele suas dores, seus medos, seus anseios. Quanto mais perto do final do livro vai se chegando, menos queremos que ele acabe, e mais queremos aprender sobre esse mundo fantástico. Tudo é explicado, e Paolini cria um universo onde todas as peças se encaixam, mesmo que no começo não façam tanto sentido. Com suas próprias leis e tendências, tudo na Alagäesia faz sentido. Até mesmo a magia foi muito bem explicada.
Enfim, com todos esses prós e contras, Eragon é um excelente romance de estréia, que me encantou desde a primeira página. Fico ancioso para acompanhar o amadurecimento do autor e do jovem cavaleiro nos próximos volumes.
Leitura mais do que recomendada.

Os Três Mosqueteiros

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O desejo de ler 'Os Três Mosqueteiros' é recente. Conhecia algumas adaptações, mas nunca tive a chance de conhecer o verdadeiro enredo. Apaixonado por livros, comprei o texto integral, e a leitura foi bem mais do que eu esperava.
Os Três Mosqueteiros é o romance histórico de maior sucesso do escritor francês Alexandre Dumas.
A história enfoca a saga do jovem D'Artagnan, que parte de sua pequena cidade natal para tentar a vida em Paris, com o objetivo de entrar para a o corpo de mosqueteiros do rei.
Ao chegar a Paris, D'Artagnan conhece, de forma totalmente inesperada, Athos, Porthos e Aramis, leais mosqueteiros do rei que o ajudarão em suas aventuras contra uma série de conspirações encabeçadas pelo Cardeal Richelieu – o antagonista principal -, dando assim início a uma sólida amizade que possui como lema a famosa frase "Um por todos e todos por um."
Com uma narrativa em terceira pessoa, é um livro cheio de detalhes. E o mais importante: esses detalhes não tornam a leitura cansativa.
Os personagens são encantadores, cada um com uma característica pessoal com a qual você acaba se identificando. D’Artagnan, nosso personagem principal, é um jovem corajoso, perspicaz. Athos, o mais velho dos mosqueteiros, é reservado e um líder de natureza. Porthos é o mais vaidoso, sempre querendo se exibir para todos. Aramis é muito religioso e inteligente.
O contexto histórico retratado é um dos pontos que merece destaque. Como o livro se passa no começo do século XVII, os costumes são totalmente diferentes. As intrigas políticas, amorosas ou religiosas são as principais causas dos problemas na Europa nesse século. Dumas as descreve com extrema destreza.
O único defeito para mim foram momentos, breves, devo dizer, em que a narração se passou um pouco arrastada devido à falta de visualização do cenário, uma vez que há muitas referências sobre as ruas de Paris.
Não apenas um livro de ação, o romance possui uma excelente trama, com reviravoltas e mistérios sendo lançados e resolvidos a todo momento. Mesmo muito extenso, 788 páginas, terminei a leitura com gostinho de quero mais, muito mais.

A Herança

'Somos todos primatas.' Foi assim que Pedro Bial definiu os seres humanos, durante conversa descontraída nos bastidores do programa 'Na Moral'. Disse que, se parássemos em um restaurante ou qualquer outro local público e ficássemos nos observando, veríamos claramente a verdade dessa ideia. Nossos comportamentos, nossas motivações, nossos gestos: somos todos parecidos, previsíveis e, porque não, animalescos.
Diante dessa provocação, aparecem aqueles que defendem a indiscutível superioridade intelectual e mental humana, listando tudo aquilo que nos difere de nossos parentes mais distantes. Sim, todos esses argumentos, ou quase todos, estão certos. Não é esse o ponto onde quero chegar. Vou além, lançando outra provocação: mesmo dotado de tamanha superiodade, o ser humano obedece a seus instintos mais básicos para dar seguimento a sua vida. Nossas supostas decisões racionais, todas elas, não passam de uma humanização de nossos instintos.
Nossos maiores defeitos, assim como nossas maiores qualidades, todas tem explicação na evolução. Querem exemplos?
A agressividade? Quando vivia jogado na natureza, e não em cidades ou vilas protegidas, o ser humano precisava se defender. Os que eram muito dóceis eram mais fáceis de serem mortos por inimigos mais agressivos ou animais selvagens. Nossos ancestrais 'esquentadinhos' tiveram mais facilidade de sobreviver e de nos passar essa maldita característica.
A fofoca? 'Fofocando' sobre o que se passava em outras aldeias ou com outras pessoas ou famílias, nossos ancestrais tinham mais chances de sobreviver, alertando seus companheiros sobre o que tinha mais chance de dar certo e errado.
O sexo? É muita inocência alguém dizer que a sociedade não é movido pelo sexo. O objetivo primordial da vida, passar adiante nossos genes e manter a sobrevivência da espécie, continua movendo a civilização. Até mesmo a promiscuidade e a traição são traços puramente biológicos, estratégias de sobrevivência, facilmente observados em outros animais.
Não preciso listar outros exemplos para deixar mais clara minha idéia. Somos máquinas biológicas.
Mas, se essa ideia é verdadeira, onde entra o ser humano nessa história, o que, de fato, pode nos diferenciar dos outros animais?
Para mim, é nossa capacidade de pensar nossos atos.
Mas não vejo isso sendo aplicado. É possível vencer nossos impulsos biológicos em favor de uma evolução consciente da mente?
Pra mim, essa é a grande questão da vida. Não há mais espaço para crenças na sociedade contemporânea. A verdade já está disponíivel para todos. Quem consegue abandonar o campo da vida instintiva, previsível e comum? Poucos. Pelo menos que eu saiba.




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