Na Terra dos Titãs

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Demorei para ler 'Na Terra de Titãs'. Vou confessar que comprei o livro mais pela arte da capa. Achei que iria ler algo parecido com 'Jurassic Park' ou 'Dinotopia'.
Quando meu irmão, que o leu antes de mim, me disse que não tinha nada de 'Jurassic Park' na história, nem ao menos um único dinossauro vivo na trama, perdi totalmente o interesse em lê-lo. E durante muito tempo ele ficou guardado. Mal sabia que estava negligenciando uma ótima trama.
O livro narra as aventuras de três amigos que vão passar as férias num balneário paradisíaco em Mato Grosso, na condição de voluntários da equipe do professor Adalberto, paleontólogo do Museu Nacional.  Porém, logo eles descobrem que a viagem não era bem o que eles esperavam, pois não se tratava de nenhum balneário paradisíaco. Apesar disso, os garotos se surpreendem com a rotina de trabalho dos paleontólogos: cansativa, mas prazerosa. O dia-a-dia, os contratempos, as dificuldades e os prazeres nas atividades de campo de uma equipe que trabalha com fósseis são descritos de forma brilhante. Tudo isso mesclado a um inocente, e totalmente esperado, romance adolescente.
O autor, Alexander Kellner, é um renomado paleontólogo brasileiro, e 'Na Terra dos Titãs' é sua primeira incursão na ficção. Apaixonado pela profissão, Kellner se baseiou em fatos reais para desenvolver seu romance, e aí está o segredo. A cada página lida o leitor se sente dentro da aventura. É muito fácil se imaginar junto da equipe na expedição, vivendo cada situação. A forma leve de escrever de Kellner facilita esse processo. O livro não é cansativo e a história não fica sem graça em momento algum, mesmo sem nenhuma grande reviravolta na trama.
Vale ressaltar que a expedição narrada aconteceu de verdade, apesar dos personagens serem fictícios. Ao ler 'Na Terra de Titãs', muito se aprende sobre a paleontologia brasileira, tão pouco conhecida do público leigo.

Uma boa pedida. Uma leitura rápida, com uma trama muito divertida e muito a aprender.

O Livro da Selva

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A primeira vez que ouvi falar de Mowgli foi assistindo o filme de mesmo nome da Disney. Na época nem se passava na minha cabeça que Mowgli, assim como a grande maioria das grandes animações da Disney, são adaptações de livros.
'O Livro da Selva', obra que inspirou a animação, assim como diversos outros filmes e séries na televisão, é bem diferente do que eu esperava. Para começar, a obra não narra a história do menino Mowgli. Trata-se, na verdade, de uma coletânea de contos, nem todos sobre o garoto.
Seu autor, Rudyard Kipling, é um célebre escritor britânico, conhecido por suas poesias, romances e contos. Nascido em 1865, em Bombaim, Índia, então sob o domínio imperialista inglês, o autor cresceu aprendendo os costumes ingleses e indianos, já que vivia em um contexto que lhe dava experiências de ambas as culturas. Kipling soube captar aquilo que via em seu dia-a-dia através daquele olhar que valorizava o exótico e a novidade vinda dos territórios imperiais da Coroa.
Há um magnetismo que permeia cada descrição do autor, cada característica física e cada atributo dos personagens apresentados. Este magnetismo se deve ao fato do autor não se ater apenas aos aspectos externos, mas sim ir revelando tanto a força física quanto a alma de cada criatura da selva. Mowgli, o homem natural criado sob a lei da natureza por uma matilha de lobos; Bagheera, a pantera negra e de músculos ágeis; Kaa, a velhíssima e sábia serpente; e Balou, o urso que ensinava a lei da selva como um guru a ensinar os aprendizes.
Com enredos simples, mas amarrados, e personagens carismáticos com personalidades muito humanas, Kipling consegue fazer transparecer aquele ambiente exótico e cheio de mistérios que é o território indiano para os que viviam na Inglaterra. O autor nos coloca frente as vias naturais de vida, de coexistência, do início e do fim de todos nós.
É de fato uma obra a ser colocada em espaço especial nas nossas mentes, uma profunda reflexão acerca de nossa condição social, humana e animal.
Dos sete contos contos, três narram as aventuras de Mowgli.
Um conto em especial, 'A Foca Branca', me chamou a atenção. Questões como até onde podemos ir pelo bem dos outros, e o fato de que muitas vezes nada podemos fazer quando aquele a quem queremos ajudar não quer ser ajudado, são muito bem ilustradas.
Após alguns dias de leitura, fiquei com gostinho de quero mais. Pena que a continuação, o 'O Segundo Livro da Selva' não tem tradução direta para o português daqui. Mas, diante do que achei do primeiro livro, acho que vou me arriscar na edição portuguesa.
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