Sunwing

quinta-feira, 28 de março de 2013

"Sombra, um jovem morcego da colônia dos Asas-de-Prata em busca do pai, descobre uma misteriosa construção humana. Ao entrar, Sombra e outros morcegos se deparam com uma vasta floresta artificial. Será possível seu pai estar ali? Lar de milhares de morcegos, a floresta artificial é tudo que eles sempre desejaram: temperatura agradável, comida de sobra, e total liberdade longe da tirania das mortais corujas. Mas Sombra e sua amiga Marina não estão tão certos que de isso é um paraíso. Sombra viu humanos entrarem na floresta e levarem centenas de morcegos adormecidos. E afinal, onde está seu pai? Acompanhe Sombra e Marina em uma perigosa jornada rumo às distantes selvas do sul, aonde seu antigo inimigo, o morcego vampiro Godo, agora é rei. Em Sunwing, Sombra deverá fazer tudo o que estiver ao seu alcance para achar seu pai e impedir os planos de Godo."

       Apesar de Asa-de-Prata ser um bom livro e nos apresentar um universo totalmente novo, a história é previsível e simples demais. Porém, alguns dos maiores mistérios da trama não são revalados, o que tornava quase imprescindível uma continuação: Sunwing.
       Se Asa-de-Prata era simples e previsível, Sunwing muda totalmente o tom da história. Mais sério e maduro, menos inocente e totalmente imprevisível, Sunwing é a versão definitiva da aventura dos morcegos Sombra e Marina.
       Quase todos os pontos baixos de Asa-de-Prata são deixados de lado aqui. Há um desenvolvimento muito maior dos personagens e uma consequente maior identificação do leitor com os protagonistas. A personalidade de Sombra se torna mais verossímil e sua genialidade está sempre sendo questionada. Godo está mais perigoso que nunca, e a guerra com as corujas e o segredo por trás dos Humanos darão uma guinada surpreendente.
       Todos os mistérios vão sendo revelados aos poucos ao longo da história, o que não nos faz querer largar a leitura. Mas é no final que está o maior trunfo de Kenneth Oppel.
       Outro ponto positivo é a seriedade da história. Temas polêmicos como fanatismo religioso e a prepotência de nós seres humanos para com a natureza são abordadas de forma muito interessante. Além disso, as cenas de ação são muito bem descritas e não somos poupados de nenhum detalhe das ferozes batalhas. 
       Algo que eu não esperava era o tom mais fantasioso de Sunwing. Não que os morcegos humanizados de Asa-de-Prata fossem totalmente verossímeis, mas aqui a história aborda questões como a mitologia própria dos morcegos sendo algo real e tangível. Não sei se considero isso algo positivo, mas tudo fica muito bem estabelicido dentro do universo criado por Oppel.
       Infelizmente, Sunwing ainda não teve tradução para o português, portanto, quem quiser saber o fim das aventuras de Sombra e Marina terá de se aventurar, como eu, na versão em inglês. No começo é difícil, o que fez eu demorar mais do que o esperado para terminar o livro, mas depois de um tempo você se acostuma e a leitura flui muito melhor.
       Enfim, Sunwing é uma excelente continuação. Não só tapa todos os buracos deixados pelo primeiro livro, como é uma história que nos surpreende e prende do começo ao fim. Mais do que recomenado.


Entrelinhas

SPOILERS!

       Para quem não sabe, os experimentos feitos por humanos em morcegos e corujas em Sunwing realmente existiu.
        Desenvolvido pelos EUA na Segunda Guerra Mundial para ser utilizado contra Japão, o morcego bomba foi concebido pelo cirurgião dentista Lytle S. Adams, que apresentou-o à Casa Branca em janeiro de 1942, onde foi aprovado posteriormente pelo presidente Roosevelt.
       O "X-Ray Project", como posteriormente ficou conhecido,consistia em fixar pequenas bombas incendiárias de napalm (conjunto de líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada, utilizados como armamento militar) no abdômen de morcegos. Posteriormente, os morcegos seriam soltos pela noite em zonas industriais japonesas e, ao amanhecer, se refugiariam nos telhados e frestas das industrias e casas. Depois, graças a um temporizador, as bombas explodiriam incendiando o local.
       A ideia começou a perder forças com o avanço do Projeto Manhattan, que se mostrava mais promissor. Ainda assim, as bombas morcego conseguiram atear fogo a uma aldeia simulada japonesa (durante a Segunda Guerra, os EUA simulavam construções japonesas em território americano onde podiam testar armamentos eficientes nos seus esforços de guerra), um hangar do exército americano e um carro.
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