Há um
tempo atrás escrevi no blog sobre o mangá Tarareba Contos de Passado e Futuro.
Naquela época, o que tinha me chamado a atenção para o título fora a sinopse e
o fato dele ser um mangá com uma
história fechada, de volume único. Tsumitsuki Espírito da Culpa, lançado agora
em agosto pela editora JBC, tem a mesma
estrutura e me chamou a atenção pelos mesmos motivos: a sinopse interessante,
e o fato da história ser fechada. Como dito na resenha já mencionada, Contos de
Passado e Futuro foi uma ótima aquisição. Será que o mesmo pode ser dito de
Espírito da Culpa?
"Cidades do interior são conhecidas por suas lendas urbanas, carregadas de mistérios e aparições sobrenaturais. Em uma delas, a lenda local é sobre os Tsumitsukis, espíritos que se alimentam do remorso das pessoas que cometem alguma atrocidade.
Falar mais do que a sinopse diz pode dar spoilers desnecessários e tirar um pouco da aura de mistério que o mangá carrega no comecinho da história. Porém, ao contrário do que parece ao ler essa sinopse, Tsumitsuki não é um conto de terror. O autor, Hiro Kiyohara, prefere focar a história nas pessoas que estão sendo consumidas pelo sentimento de culpa e pelos Tsumitsuki, e não nos Espíritos da Culpa em si. Logo, temos muito mais suspense e joguetes psicológicos, com apenas uma leve pitada de terror.
"Cidades do interior são conhecidas por suas lendas urbanas, carregadas de mistérios e aparições sobrenaturais. Em uma delas, a lenda local é sobre os Tsumitsukis, espíritos que se alimentam do remorso das pessoas que cometem alguma atrocidade.
Chinatsu Takada, uma garota que
mudou-se recentemente para tal cidade, irá conhecer de perto o terror que os
Tsumitsukis afligem sobre as pessoas quando deparar-se com Kuroe, um misterioso
garoto que mora no templo local e parece conhecer até bem demais sobre esses
espíritos e o destino cruel que recai sobre as pessoas que com ele se
encontram."
Falar mais do que a sinopse diz pode dar spoilers desnecessários e tirar um pouco da aura de mistério que o mangá carrega no comecinho da história. Porém, ao contrário do que parece ao ler essa sinopse, Tsumitsuki não é um conto de terror. O autor, Hiro Kiyohara, prefere focar a história nas pessoas que estão sendo consumidas pelo sentimento de culpa e pelos Tsumitsuki, e não nos Espíritos da Culpa em si. Logo, temos muito mais suspense e joguetes psicológicos, com apenas uma leve pitada de terror.
O mangá é dividido em cinco
capítulos fechados, cada um focando em um personagem diferente, com sentimentos
e motivações distintas. Entretanto, todas essas histórias giram em torno desse
sentimento de culpa e dos Tsumitsuki, além de haver um protagonista que está
presente em todas elas - não vou citar aqui quem é esse personagem porque isso
foi uma surpresa pra mim, e não quero estragar a leitura de ninguém.
Basicamente, essa é a premissa do mangá: em cada conto acompanharemos o
desenvolvimento de um personagem, e tentaremos descobrir o que ele fez de
errado para sentir esse sentimento de culpa. Tudo sempre é revelado só ao final
dos capítulos. Achei que essa estrutura se encaixaria muito bem numa adaptação
em seriado ou anime, em que em cada episódio acompanharíamos um personagem
diferente, e tentaríamos desvendar o porque de suas ações e seu sentimento de
culpa - eu certamente acompanharia.
Vale ressaltar que é preciso tomar um certo cuidado ao ler, pois a
história possui detalhes soltos que no final se encaixarão pra fechar o conto,
e é preciso que eles sejam interpretados para entender a história. Então é
preciso atenção na hora da leitura para não perder nenhum detalhe e ficar
confuso depois.
O
Veredicto
Tsumitsuki Espírito da Culpa é uma
ótima pedida. Os desenhos são muito bonitos, e
são um dos diferenciais do título. A forma como a história é narrada também é
digna de nota: o autor nos passa tão bem o sentimento dos personagens que
ficamos agoniados com suas transformações. Ele também aproveita a premissa do mangá pra
abordar diferentes temas como vingança, aborto, destino, casualidade, redenção.
E os Tsumitsuki simbolizam muito bem como a culpa pode nos consumir e até nos
destruir.
Não gostei muito, porém, do curto
capítulo que conta a história do protagonista. Por mais que seja legal saber mai sobre a sua origem, acho que poderia ter sido um pouquinho mais desenvolvido, pois ficou
meio corrido demais essa parte. Mas a impressão que fica é que Espírito da
Culpa poderia ter continuações, onde esses plots poderiam ser abordados
novamente. Quem sabe.
Enfim, a história é realmente muito boa: sombria, intensa e interessante. Além disso, está saindo por apenas R$13,90, então não tenha medo de comprar
Entrelinhas
Vou deixar aqui uma leve crítica à edição
da JBC. Parece besteira, mas em dado momento do mangá, é citado uma criatura do
folclore japonês: um espírito chamado Ubume. Para quem é japonês, o nome já deve ser o
suficiente pro leitor entender o que está se passando. Para nós, leitores
brasileiros, que não temos tanto contato com a cultura japonesa, isso pode vir a ser
um problema. Para solucionar isso, a JBC colocou uma nota no pé da página
definindo o que é um Ubume. Infelizmente, a definição dado pela editora não
serviu de nada pra eu entender a história, e eu ia terminar esse capítulo sem
entender direito um fato de bastante importância.
Pesquisando no Google, encontrei uma
definição pra tal criatura: "Ubume
é um youkai japonês, classe de criaturas sobrenaturais do folclore japonês. É o
espírito de uma mulher que morreu no parto." A definição no mangá dizia
apenas: "criatura em forma de ave de origem chinesa que pode assumir a
aparência de mulher e rapta crianças." Veja que as duas definições são bem
diferentes. Infelizmente, você só consegue entender a segunda das cinco
histórias do mangá tendo em mente a definição que eu dei, após pesquisa no Google.
Fica a dica pra quem ainda vai ler o
mangá, e pra JBC, que pode fazer uma pesquisa um pouquinho melhor nas próximas
notas de página. O objetivo da nota não é ser um verbete de dicionário, mas sim
contextualizar citações e palavras fora de nosso cotidiano para o entendimento
do mangá ou HQ.
0 comentários:
Postar um comentário