UMA PALHAÇO COM UMA GRANADA VERMELHA NO LUGAR DO NARIZ? QUEM É OZOB? VEM COMIGO PRA DESCOBRIR, MAS ANTES, VEM CÁ, DÁ UMA BITOCA NO MEU NARIZ!
Ozob é um pós-humano – humanos criados em laboratórios e aperfeiçoados para serem mais fortes e resistentes – trabalhador das minas, destinado a mineradoras, fruto de uma época de cibernética de ponta, mas peculiarmente feito por seu insano criador à semelhança do palhaço Bozo. Sim, Ozob é um replicante palhaço. Só essa informação deve ser o suficiente para te preparar para a insanidade que é o livro Ozob Protocolo Molotov.
"Beija meu nariz, desgraçado!"
E QUAL A HISTÓRIA DO
LIVRO OZOB PROTOCOLO MOLOTOV?
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Fanart disponível em http://gallery.wacom.com/gallery/56254569/Ozob-Fanart
A história, portanto, se desenrola entre o começo da vida de Ozob, vivendo nas colônias espaciais com seu “pai” e seus 3 "irmãos", todos replicantes palhaços, até o momento em que ele vem para a Terra, e o presente, vivendo com os War Roadies e tentando impedir a morte de seus novos amigos, enquanto, não menos importante, tenta salvar a própria pele de seus sanguinários irmãos e da polícia corporativa. Ozob Protocolo Molotov nos conta a história do replicante antes dos acontecimentos do Nerdcast RPG: desde o seu “nascimento”, aos primeiros meses com a família e as histórias que construíram o personagem e o tornaram o que nos foi apresentado nos programas. Bem-vindo ao século 22: o futuro chegou, e ele é pior do que os nossos pesadelos!
"Você estava sendo caçado só porque é pós-humano. A polícia corporativa matou e espancou aquelas pessoas porque estavam ouvindo e tocando música. Alguém tem que resistir a isso."
SERÁ QUE A EXPERIÊNCIA DE LER OZOB DÁ VONTADE DE TIRAR O PINO DA GRANADA? AFINAL, VALE A PENA A LEITURA?
Ozob Protocolo Molotov foi feito sob medida para os entusiastas da trilogia cyberpunk dos nerdcasts de RPG, expandindo o universo apresentado e aprofundando um de seus personagens mais criativos: Ozob. Agora, se você nunca escutou os programas, mas gosta de RPG – o livro por diversas vezes parece uma grande aventura de RPG, com chefões de fase e NPCs curandeiros – e da construção de personagens, gosta desta ambientação distópica, de teorias da conspiração, de personagens insanos e de muita ação e violência, pode ter certeza que vai curtir a leitura também! Agora, já fique avisado: Leonel Caldela não é um autor conhecido por poupar o leitor. O livro é amargo na maior parte do tempo, e possui cenas de violência em diversos momentos: temos desde cenas de pancadaria franca, mutilação e tortura, ao uso de drogas, escravidão, cárcere privado, abuso mental e corporal, opressão capitalista a níveis inimagináveis e um sentimento de impotência. Leonel, definitivamente, não fez essa história para te inspirar ou te deixar feliz – apesar de, como falarei adiante, o arco de Ozob possuir uma mensagem poderosa sobre o sentido da vida.
"Parecia
estar chovendo, mas era só esgoto pingando do céu."
A princípio, o livro pode parecer apenas uma aventura grotesca, porém divertida, num mundo distópico, sem maiores intenções além de divertir – ou embrulhar o estômago – o leitor enquanto aprofunda a mitologia de um personagem bastante popular criado em outra mídia. Porém, Ozob Protocolo Molotov possui camadas que dão a leitura um “quê” a mais. A começar com a construção deste mundo futurista ultracapitalista. O que mais temos na literatura moderna são distopias sobre o socialismo e o autoritarismo, mas carecemos de leituras que se aprofundem em uma sociedade ultracapitalista, para discutir os problemas e as desigualdades do mundo em que vivemos. Ozob Protocolo Molotov claramente é um livro de aventura e ficção, e não uma distopia, pois este mundo em si não é o protagonista da história. Porém, o autor utiliza do universo criado para levar ao extremo algumas situações e discutir questões atuais, como todo boa distopia, nos apresentando problemas de uma sociedade controlada apenas pela iniciativa privada. Ainda que este não seja o foco do livro, está presente, e fornece camadas bem interessantes a história de Ozob.
A princípio, o livro pode parecer apenas uma aventura grotesca, porém divertida, num mundo distópico, sem maiores intenções além de divertir – ou embrulhar o estômago – o leitor enquanto aprofunda a mitologia de um personagem bastante popular criado em outra mídia. Porém, Ozob Protocolo Molotov possui camadas que dão a leitura um “quê” a mais. A começar com a construção deste mundo futurista ultracapitalista. O que mais temos na literatura moderna são distopias sobre o socialismo e o autoritarismo, mas carecemos de leituras que se aprofundem em uma sociedade ultracapitalista, para discutir os problemas e as desigualdades do mundo em que vivemos. Ozob Protocolo Molotov claramente é um livro de aventura e ficção, e não uma distopia, pois este mundo em si não é o protagonista da história. Porém, o autor utiliza do universo criado para levar ao extremo algumas situações e discutir questões atuais, como todo boa distopia, nos apresentando problemas de uma sociedade controlada apenas pela iniciativa privada. Ainda que este não seja o foco do livro, está presente, e fornece camadas bem interessantes a história de Ozob.
Além disso, os próprios arcos de
desenvolvimento do protagonista e do personagem Johnny Molotov são um petardo à
parte. A origem de Ozob é criativa e bizarramente insana como o próprio personagem,
além de ser muito bem elaborada. Mas é a evolução do personagem, cujo ápice é a
explicação do porquê ele usa uma granada no lugar do nariz, um dos pontos mais
altos da leitura. O livro possui uma mensagem poderosa, ainda que talvez sutil,
sobre o sentido da vida, sobre subversão e rebeldia. Afinal, estamos vivendo ou
apenas existindo? Soma-se a isso o arco do músico Johnny, e a mensagem sobre o
poder disruptivo e subversivo da música, e dos custos da rebeldia juvenil.
Afinal, é fácil querer queimar o mundo quando se é jovem, mas muito mais
difícil fazer isso na meia-idade. E se você acha que o livro exagera um pouco
nisso, basta observar a recente tentaviva do presidente russo Putin de proibir
e controlar para limitar a influência do rap e da música jovem na Rússia, que
segundo ele são um caminho direto para a degradação do povo.
“Ozob não queria morrer.
Não estava buscando acabar com tudo. Mas dois anos ou dois minutos não faziam
diferença, desde que ele tivesse vivido antes.”
Narrativamente falando, o livro possui algumas barriguinhas, alguns capítulos mais arrastados mais pro final do livro, em que nada de fato acontece; apenas ação desenfreada e um corre pra lá/ corre pra cá. Mas fora isso, a leitura é muito fluída, o ritmo narrativo é muito intenso e a história é intrigante o suficiente para te desestimular a abandonar a leitura.
Enfim, se eu pudesse resumir Ozob Protocolo Molotov em uma única palavra, eu ficaria entre INSANIDADE e OPRESSÃO. Ainda não decidi qual das duas pesa mais na balança.
Narrativamente falando, o livro possui algumas barriguinhas, alguns capítulos mais arrastados mais pro final do livro, em que nada de fato acontece; apenas ação desenfreada e um corre pra lá/ corre pra cá. Mas fora isso, a leitura é muito fluída, o ritmo narrativo é muito intenso e a história é intrigante o suficiente para te desestimular a abandonar a leitura.
Enfim, se eu pudesse resumir Ozob Protocolo Molotov em uma única palavra, eu ficaria entre INSANIDADE e OPRESSÃO. Ainda não decidi qual das duas pesa mais na balança.
Caso você já tenha lido Ozob Protocolo Molotov e queira se aprofundar na discussão comigo, deixa aí seu comentário. Aproveita, e diz também se gostou deste novo formato. Estou tentando escrever críticas e resenhas mais objetivas e didáticas, que te ajudem mesmo na hora escolher o que vale ou não a pena o seu tempo e dinheiro.
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