No País dos Sovietes

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Quem nunca ouviu falar do repórter Tintim e seu inseparável cão Milu? Por mais que eu não tenha crescido acompanhando suas aventuras, o personagem sempre fez parte do meu imaginário.
'As Aventuras de Tintim' sempre foi um daqueles filmes que eu pegava no final por acaso em alguma sessão da TV por assinatura, ficava com vontade de assistir a história toda, mas, por coicidências do destino, nunca cheguei a ver.
Para minha surpresa, em visita à Livraria da Travessa, descobri que a Companhia das Letras estava lançando toda a coleção dos quadrinhos do Belga Hergé. Obviamente, eu não hesitei em começar minha coleção pelo primeiro volume, publicado, originalmente em forma de folhetim, no suplemento infanto-juvenil “Le Petit Vingtième” em 1929, e que ganhou o nome de As aventuras de Tintim no país dos Sovietes.
Neste livro, o corajoso e estabanado repórter recebe a missão de seguir para a antiga União Soviética, ao lado do seu cão Milu, e retratar o país e seu regime comunista, porém no caminho o trem explode propositalmente e Tintim é preso e acusado em Berlim de ter sumido com o trem e os passageiros.
A partir deste evento uma série de outros ocorrem com ele: sempre comunistas russos tentando impedir Tintim de chegar a Moscou. A história se passa principalmente em uma “Rússia soviética genérica”, repleta de neve, masmorras, prisões e campos. As poucas cenas urbanas são praticamente de transição entre uma aventura e outra, e nada agregam. O poder da história está mais ligado ao fundamento histórico de representar as atrocidades ditadas pelo regime comunista, e servir de propaganda contra o regime que já ameaçava o mundo capitalista nessa época.
Nota-se claramente que este é o primeiro álbum do Tintim. A arte refinada, limpa e detalhista de Hergé ainda estava engatinhando. Já o roteiro está mais para um pastelão: Completamente inverosímil e absurdo, com muita ação mas praticamente nenhuma história.
Mas, que fique claro: não é um álbum ruim. Muito pelo contrário.
Os desenhos tem uma vitalidade e uma força que parecem dar vida aos personagens. O roteiro, completamente maluco e sem pé nem cabeça, é divertido e repleto de momentos hilários. É muito engraçado ver como Tintim chuta bundas neste álbum; é quase uma constante.
Devo destacar que é notável o humor curioso do cão Milu, que compartilha seus pensamentos esfomeados na história enquanto ajuda Tintim a sair das enrascadas mais estranhas. Não teve uma página sequer em que o cachorro não me arrancou os mais espontâneos sorrisos.
Unindo prós e contras, o livro é marcante. Seja pelas aventuras e trapalhadas da dupla, seja pelas situações hilárias que os dois se envolvem ou pelo fator histórico da propaganda anticomunista, Tintim no país dos Sovietes é uma obra única que abre o apetite para conhecer mais aventuras do herói criado por Hergé.
Para quem não conhece as histórias de Tintim ainda, recomendaria que lesse outros títulos primeiro, pois o conteúdo de suas aventuras mudou bastante ao longo dos anos de sua publicação.
Recomendo. Neste mesmo momento, estou relendo trechos do livro. Diversão garantida.




folhetim: narrativa literária com duas características essenciais: quanto ao formato, é publicada de forma parcial e sequenciada em periódicos (jornais e revistas); quanto ao conteúdo, apresenta narrativa ágil, profusão de eventos e ganchos intencionalmente voltados para prender a atenção do leitor.

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