Homem Aranha [Trilogia Clássica + Reboot de 2012]

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Quando terminei de assistir O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro fui na internet ler o que andava sendo dito sobre ele; tenho o costume de fazer isso sempre após assistir a um filme pra dar uma assentada nas minhas primeiras impressões. Mas uma coisa que eu acabava sempre encontrando, não importa o site que eu acessava, eram comparações com a trilogia "clássica" do diretor Sam Raimi, que teve início com o filme de 2002. Infelizmente, não acompanhei os filmes na época de seu lançamento. Eu era pequeno, dependia de companhia pra ir ao cinema, meu pai morava em outra cidade, e eu não tinha o acesso fácil à internet que tenho hoje. Resumindo: acabei vendo os filmes anos depois e em casa, fora da "hype" dos lançamentos. Mas hoje, tantos anos depois, resolvi assistir novamente todos os filmes, inclusive o polêmico Homem-Aranha 3, além do "reboot" de 2012, e finalmente deixar minhas impressões, mesmo que um pouco fora de época.

            O primeiro que eu reassisti foi, claro, o já clássico Homem-Aranha, de 2002. Não há sentido em eu falar aqui a sinopse ou dar dados técnicos ou curiosidades, porque esse já é um tema bem batido na internet. Sendo então bem direto: eu gostei do filme. Não lembrava de quase nada, e foi bom assisti-lo novamente com outros olhos. A história é redondinha, não tem furos de roteiro, porém é bem aquele "basicão" de filme de origem. Acontece que na época isso era uma novidade, e podemos até dizer que junto com o primeiro X-Men, Homem-Aranha foi o filme responsável pelo "boom" de filmes de heróis. Fica difícil falar das atuações de Tobey Maguire como Peter Parker e Kirsten Dunst como Mary Jane depois de assistir aos novos filmes com Andrew Garfield e Emma Stone, porque na época não tínhamos com o que compará-las. Mas apesar deu não achar esse Homem-Aranha carismático, Tobey Maguire estava bem como Peter Parker. Só acho que ele era muito o estereótipo do "nerd" da década de 60, e isso não cai muito bem nos dias de hoje. Pode até ser que o personagem fosse assim na origem, mas o personagem evolui ao longo do tempo nos quadrinhos, ou seja, o fato dele ser o Aranha vai dando confiança pro personagem, e isso acaba se refletindo na própria vida pessoal do herói. O meu grande problema com os primeiros filmes é que o personagem começa e termina a trilogia como um "looser" bobão. Mas, por esse ser um filme de origem, isso nem me incomodou tanto.
            Pra mim a melhor coisa desse filme é a atuação de Willem Dafoe como Norman Osborn, que me convenceu como vilão. Vi muita gente reclamando do visual do Duende Verde no filme, mas não me incomodou, pelo contrário, achei bem funcional e uma boa adaptação. Nos quadrinhos ele é só um cara com uma fantasia de Duende, e acho que nos cinemas, principalmente naquela época em que os efeitos visuais não eram iguais aos de hoje, isso ia ficar bem estranho. Outro que merece destaque é J.K. Simmons como J.J. Jameson, pois parece que o ator nasceu pra esse papel; ele é a encarnação perfeita do personagem dos quadrinhos, e todas as suas aparições são hilárias. Por falar nisso, outra coisa que falta nesse filme é o Homem-Aranha piadista, mas, novamente, por ser um filme de origem e por mostrar um Homem-Aranha em início de carreira, dá pra deixar passar. Não vou me estender falando de James Franco como Harry Osborn nesse filme, porque ele merece um parágrafo a parte quando eu for falar do 3º filme.


            Os efeitos especiais estão bons até hoje, apesar de já estarem um pouco datados, principalmente a movimentação do Homem-Aranha, que fica bem "fake" quando comparamos com toda a física dos novos filmes do aracnídeo. Mas isso nem pode ser apontado como uma falha porque era o melhor que se tinha na época.
            Já Homem-Aranha 2, de 2004, é, na minha opinião, o melhor filme da trilogia de Sam Raimi. Esse filme tem tudo o que está faltando nesses novos filmes, mas continua falhando no que os novos filmes têm trazido de melhor. Mas deixa eu me explicar.
            O que esse filme têm de melhor é o seu roteiro. A história do vilão, Dr. Octopus, interpretado pelo ótimo Alfred Molina, é muito bem construída. Além disso, o fato do filme focar em como a vida de Homem-Aranha interferi diretamente na vida pessoal de Peter, no seu aperto financeiro e no da sua tia, e, além disso, em mostrar como a morte de seu tio tem importância na sua formação como herói, coisa que passou muito rápido no primeiro filme, são os pontos altos do filme. Tudo isso é muito presente nas histórias do personagem, e esse drama cotidiano não aparece muito nos novos filmes, em que parece que a vida pessoal de Peter vai bem, o que sabemos que não é verdade, já que o personagem é um dos mais azarados dos quadrinhos. Além disso, temos uma continuação no desenvolvimento do arco de Harry Osborn, iniciado no primeiro filme, mostrando como vilões podem ser bem desenvolvidos, principalmente se trabalhados em mais de um filme. Ah, e J.K. Simmons continua sensacional.
            Porém, esse filme continua falhando onde falha o primeiro filme: não sinto carisma nenhuma pelo casal principal, e Peter continua um bobão. A essa altura da vida, sendo o Homem- Aranha faz tempo, e já na faculdade, era pro personagem já estar muito mais seguro de si. Além disso, ainda não temos o Homem-Aranha piadista, e vou continuar batendo nesta tecla, porque essa é uma das características mais marcantes do personagem, não importa o quanto ele apanhe, ele está sendo encarando tudo numa boa.
            E, pra fechar a trilogia clássica, vamos ao polêmico Homem-Aranha 3. Sinceramente, eu gostaria de saber porque o público especializado têm tanta implicância com certos filmes. Sempre que eu vou ler algo a respeito do filme, 90% dos sites está avacalhando com o longa. O filme tem falhas? Têm. Mas quase todo filme tem problemas, e nem por isso vejo essa enxurrada de críticas. Parece implicância mesmo, porque poucas foram as pessoas que conseguiram explicar os motivos pra achar o filme tão ruim assim. E pra mim esse é ponto: gosto é gosto, e você pode ou não gostar do filme, mas quando você vai falar que um filme é terrível, é  bom saber listar os problemas do filme, porque o que eu vi sendo apontado como falhas nesse filme não são exclusivos deste. E essa é a questão: será mesmo que Homem-Aranha 3 é tão ruim, ou será que virou "modinha" odiar o filme?
            Eu vou ser bem direto,então: o filme não é ruim. Não é também um filme que me empolgue, e ele falha miseravelmente em alguns pontos, mas está no nível de muito filme blockbuster que temos por aí.
            O filme erra a mão principalmente em dois pontos. O primeiro deles foi na caracterização do vilão Venom. Não achei que Topher Grace comprometeu como Eddie Brock. Achei  o personagem, enquanto Eddie, bem caracterizado. O problema foi a sua rápida transformação em Venom. O simbionte literalmente cai de paraquedas no filme, e apesar de coincidências em filmes não me incomodarem tanto, o processo de transformação de jornalista à vilão foi muito repentino, além de desenvolvido de forma muito rápida. Não dá tempo de você sentir absolutamente nada pelo vilão, e quase não vi o no seu clássico uniforme  negro em tela; foram poucos os momentos de "close" no Venom em si. Seria muito mais interessante se Eddie Brock fosse apresentado nesse filme, e sua história começasse a ser desenvolvida para, quem sabe, num próximo filme ele aparecer como Venom.
            O outro ponto negativo foi a caracterização "emo" do Homem-Aranha. Jogar o cabelinho pra frente e sair fazendo show na rua não transformam ninguém num badboy, só fazem o público ficar com vergonha alheia (apesar deu ter que admitir que me divirto vendo essas cenas dele dançando na rua até hoje). Tinham milhares de outras formas de mostrar a influência do simbionte no Peter, algumas até aproveitadas no filme. Só não precisava dessas "ceninhas". Pode até ser que eu não tenha pego a real intenção do diretor, mas eu não curti isso não.
            Já o vilão Homem-Areia, interpretado por Thomas Haden Church, dividiu minha opinião. Por um lado, adorei a caracterização do personagem como um pai desesperado em pagar o tratamento da filha doente, e em como ele foi uma vítima das circunstâncias. É um vilão humanizado, nada unidimensional. Você consegue entender a dimensão do sofrimento que ele trouxe pra família do homem que acabou matando ao tentar roubar pra salvar a filha, mas também entende o seu desespero, e sente até pena do rumo que a sua vida tomou, apesar de sabermos que nada pode justificar o que ele fez. O grande problema, também, é justamente o fato dele ter matado justamente o tio Ben, já que isso abre um precedente desnecessário. Entendam: isso quase que isenta a culpa do Peter pela morte do tio, algo que faz parte da essência do personagem, afinal, ele só vira um herói por causa da morte de seu tio. Poderia ter sido feito de outra forma. E não é coisa de fã, algumas coisas não devem mesmo ser mexidas, especialmente os eventos fundadores dos protagonistas.


           Ainda falando do Homem-Areia, vale citar uma das melhores cenas desse filme: ele aprendendo a controlar seus novos poderes, e a se "reorganizar" novamente, depois de virar areia. É uma cena linda e sensível.
            Uma outra coisa que não curti muito, mas isso já como fã exclusivamente, foi a péssima caracterização de Gwen Stacy, interpretada por Bryce Dallas Howard. Pra uma personagem da importância da Gwen na vida do herói, ficou feio a forma como ela foi aproveitada. Se era pra existir no filme uma personagem que serve exclusivamente pra causar ciúmes na Mary Jane, era mais fácil que colocassem uma mulher qualquer, ao invés de usar alguém como a Gwen. Ela cumpre o papel que era pra ter sido inclusive da Mary Jane, que não é originalmente o primeiro e grande amor de Peter.  
            De resto, não consigo ver mais nada pra criticar no filme. É um bom entretenimento, que corre em alguns pontos, mas apresenta um desenvolvimento legal dos personagens que já haviam sido trabalhados nos filmes anteriores, principalmente de Harry Osborn, que merece um parágrafo à parte. O grande destaque desse 3º filme é o fechamento do arco do personagem de James Franco. Harry foi magistralmente construído ao longo da trilogia. Nesse filme temos o Duende dos quadrinhos totalmente. Sua história vem sendo desenvolvida desde o primeiro filme, e ele é o personagem que é melhor desenvolvido, e o mais carismático de toda a trilogia. Vai de melhor amigo à vilão, pra só no final ter sua redenção, salvando Peter e morrendo como seu melhor amigo, exatamente como acontece nos quadrinhos. A cena de sua morte é bem triste, e fiquei bem sensibilizado com o fim do personagem. Uma pena que seu visual é bem qualquer coisa. Ele teria dado um excelente Duende Macabro.
            Concluindo, dá pra ver que a trilogia do Sam Raimi é um ótimo material, que envelheceu muito bem, e merece um lugar de destaque nas nossas prateleiras. Porém, esta na hora de falar do filme que deu início à nova leva de filmes do aracnídeo.


            O Espetacular Homem-Aranha foi lançado em 2012, dirigido por Marc Webb, mesmo diretor de 500 Dias Com Ela.
            O mais legal desse recomeço foi que o filme resgatou elementos primordiais que fazem do Homem-Aranha um herói diferente, como suas ‘tiradas‘ inteligentes e sarcásticas. Problemas financeiros e paixão platônica foram deixados de lado neste "reboot", mas estes elementos já haviam sido bem retratados na trilogia anterior, e o foque aqui pareceu ser outro.
            Eu particularmente preferi esse filme ao Homem-Aranha de 2002. Gosto mais da pegada desse filme e desse Peter Parker. O Peter de Andrew Garfield não é aquele estereótipo de nerd, impraticável pros dias de hoje, mas mantém a essência do personagem: a timidez, a inteligência, e a total falta de traquejo social. Garfield está sensacional, e até mesmo Stan "The Man" Lee disse que ele é perfeito para o papel. Emma Stone também é a Gwen perfeita, apaixonante do começo ao fim. E finalmente temos um casal carismático e cheio de química.
            Finalmente também  temos a questão da teia inorgânica sendo trabalhada, e o Peter inteligente dos quadrinhos ganha vida nesse novo filme. Na trilogia original não haviam muitos indícios da genialidade do personagem, e aqui eles estão por toda parte. Uma pena que a questão da teia inorgânica é um pouco jogada. Enquanto eles mostram muito bem a questão do lançador de teia, criação de Peter, ficou faltando explicar de que raios o Peter tira esse estoque ilimitado de teia, porque se por um lado é mostrado que elas são uma invenção da Oscorp, ficou faltando explicar como que o Peter tem acesso a um estoque tão grande, afinal, não deve ser barato né? Seria legal se fosse mais como na linha Ultimate, onde ele completa uma fórmula incompleta deixada por seus pais. E já que esse filme explora justamente essa trama dos pais do Homem-Aranha, não custava nada ter pensado mais no roteiro né?
             Gostei do vilão, enquanto Dr. Connors. Depois que ele vira o Lagarto, passa a ficar previsível.
            A subtrama dois pais de Homem-Aranha acrescenta algo novo e interessante ao roteiro, só acho que não precisava tirar tanto o foco da importância dos tios do Peter, principalmente do papel de pai exercido pelo Tio Ben.
            Muita gente não gostou muito do uniforme que foi usado nesse filme, mas há de se admitir que ele é crível pra uma primeira versão, até o lance do óculos escuro usado pra ser o visor.
             Outra coisa que vi um pessoal reclamando por aí foi da trilha sonora do filme. Eu tive justamente a opinião contrária. Achei a trilha sonora do filme sensacional e, pelo menos pra mim, extramente emotiva. Fico emocionado sempre que escuto 'Young Peter', música que abre o longa.
            Resumindo, O Espetacular Homem-Aranha é um ótimo filme. O roteiro em si nada acrescenta ao gênero, e possui algumas das soluções simplistas que estamos acostumados a ver no gênero. Porém, é no desenvolvimento do casal principal e no carisma desse novo Peter Parker que ele merece um lugar de destaque na minha prateleira.

Entrelinhas

            Nos quadrinhos, Peter escala paredes por eletrostática. Porém, na trilogia de Raimi é um pouco diferente. E aí vem a pergunta que não quer calar: se a habilidade de escalar paredes do Homem-Aranha no primeiro filme está na estrutura de suas mãos e pés, assim como numa aranha, como ele consegue escalar paredes vestindo seu uniforme? Se alguém souber, comente!

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