Mutações
genéticas que conferem grandes habilidades a seus portadores, uma sociedade
dividida em duas, um grande vilão disposto a tudo para eliminar essa nova raça
que ele enxerga como uma ameaça em potencial, e um protagonista que é o
escolhido. Não há nada de novo em The Tomorrow People, série do canal CW que
foi recentemente cancelada ao final de sua 1º Temporada. E talvez tenha sido
esse pensamento que me fez enrolar tanto pra dar uma chance pra essa série.
Porém, talvez até por essa baixa expectativa, acompanhar a 1º Temporada de The
Tomorrow People se revelou muito mais divertido e, porque não, tenso, do que eu
esperava. Mas será que a série vale a pena, principalmente depois de confirmado
o seu cancelamento precoce?
The Tomorrow People é um remake de uma série britânica de mesmo
nome, produzida na década de 1970. A trama gira ao redor de alguns jovens que
ao entrar na adolescência começam a desenvolver telecinese, e a capacidade de
se comunicar telepaticamente e de se teletransportar. Considerados o próximo
passo da evolução humana, eles tem que se unir para sobreviver, já que uma
organização secreta chamada Ultra persegue todos os "revelados". O
protagonista da série é o mais novo "revelado" Stephen Jameson,
interpretado por Robbie Amell, primo de Stephen Amell, ator que interpreta o
protagonista Oliver Queen em Arrow.
O elenco é embalado
pela aura "adolescente" do canal CW,
mas nem por isso ele compromete. Achei convincente a atuação de Robbie Amell ao longo de toda a
temporada. Além disso, temos ainda Peyton
List, que faz o papel da personagem feminina forte e mais experiente, Cara,
além de ser o rosto bonito da série. Aaron
Yoo, que se resume ao personagem engraçadinho da trama, mas que você acaba
adorando, Russel, e Luke Mitchell, que
interpreta talvez o personagem mais interessante da série, John, e é dono das
melhores interpretações do elenco mais jovem. Além disso, há nomes mais adultos
como Jeffrey Pierce, que interpreta
o pai de Steven, e Mark Pellegrino,
o Jedikiah, que desempenham papeis de crucial importância na trama.
O que mais me fez
gostar da série foi o fato de que cada episódio se conectava com o outro. Você
tinha, claro, um evento principal pra cada um, mas ele conversava com o próximo,
construindo muito bem o grande arco da 1º Temporada. Além disso, a série é
repleta de reviravoltas. A cada episódio, tudo aquilo em que eu acreditava até
o momento era virado de ponta cabeça, e eu demorava alguns minutos pra
processar tudo aquilo que tinha acabado de acontecer, e ficava ansioso pra assistir
o episódio seguinte. E a série te deixa tenso, porque você nunca espera o
que está para acontecer. Isso tudo não deixou o ritmo do seriado cair.
Claro que há um ou outro furo no
roteiro em alguns episódios, algumas obviedades, e algumas vezes foi usado o
recurso Deus ex-machina, mas no geral The
Tomorrow People se saiu muito bem, melhor inclusive do que muitas séries
adolescentes que estão no ar há mais tempo. A série não tem medo de mudar o status quo que ela mesma constrói, nem
de matar personagens ou exibir cenas mais pesadas, e trata de temas mais
adultos do que o canal está acostumado.
Tudo estava sendo tão bem feito que
a série poderia terminar na 1º Temporada. E mesmo assim, seria possível explorar
mais coisas, caso a série fosse renovada. Infelizmente, o final chegou a quase
estragar a série. Não por ser ruim, mas por deixar tantas pontas soltas e uma reviravolta que acabou ficando sem explicação, pois sabemos que não haverá uma
2º Temporada que a explique. Que daí, fique uma lição: aprendam com Arrow, façam temporadas com arcos
fechados, sem nenhum gancho forçado, e deixem pra desenvolver novas ideias caso
a série seja renovada. Isso é um desrespeito com os fãs que se comprometeram a
acompanhar toda uma temporada, e no final ficarão sem respostas.
Enfim, a CW acertou o tom, e mesmo tendo adolescentes como seu público alvo,
o canal não tratou os temas abordados de forma superficial, lidando com
assuntos muito interessantes. Além disso, os efeitos especiais estão ótimos,
trazendo uma sensação de realidade e não daqueles efeitos toscos que vemos por
aí em outras séries. The Tomorrow People é altamente recomendada, desde que
você esteja ciente de que o final vai te deixar com mais questionamentos do que
respostas, pois ao passo que um arco é resolvido, outro é escancarado diante do
espectador.
Link do Trailer Legendado: https://www.youtube.com/watch?v=pz_u40X4zu8
Link do Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vUfHbwdbPzw
PS: No próximo parágrafo vou citar duas situações específicas do final da temporada, portanto, se você ainda não assistiu a série, é melhor terminar a leitura por aqui, já que as próximas linhas estão repletas de spoilers. Quando terminar de assistir o seriado, volte aqui e deixe sua opinião!
Entrelinhas
No final dessa primeira e única
temporada de The Tomorrow People, o
destino de dois personagens em particular me incomodou um pouco. O primeiro
deles é o final dado ao pai do Stephen, Roger. Achei que houve muito trabalho ao
longo da temporada pra trazer o personagem de volta à vida, e depois toda uma
longa reintrodução dele à sua família, pra ele simplesmente morrer da forma que
morreu, em poucos episódios. Outra reviravolta que não gostei foi a do Russel.
A traição, e eventual redenção, aconteceu de forma muito rápida, sem ser muito
bem explorada. Achei desnecessário, pois ele era um personagem carismático, e
as consequências de seus atos foram grandes demais para ele simplesmente ser
aceito de volta, como aconteceu.
Infelizmente,
como não vai acontecer uma segunda temporada, essas questões não poderão ser
melhor resolvidas, assim como outras pontas soltas que foram deixadas. Só nos
resta torcer para que os criadores da série liberem uma HQ com a eventual sequência.
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