"Wilson Fisk, o Rei do Crime. Um
homem diabólico, cujo império criminoso se tornaria impossível de ser contido
não fosse a interferência contínua do advogado Matt Murdock, mais conhecido
como Demolidor.Certo dia, Fisk recebe uma informação revelando a identidade
secreta do herói... e dá início a uma devastadora campanha de vingança, cujo
objetivo é não apenas destruir o Homem sem Medo, mas todo o mundo ao seu
redor."
Antes de ler a A Queda de Murdock, nunca tinha tido contato com nenhum material do
Demolidor. Pra falar a verdade, a única coisa que sabia a respeito do
personagem era que ele tinha um filme com o Ben Affleck que foi fracasso de crítica e bilheteria. Por ser um
herói mais urbano, e não fazer parte dessa nova leva de filmes da Marvel,
acredito que aconteça o mesmo com muita gente. Portanto, a Panini não poderia
ter escolhido história melhor para introduzir o personagem na coleção.
Pra começar, A Queda de Murdock serve como um ótimo ponto de partida pra quem
nunca leu nada do personagem, já que toda a essência do Demolidor, a sua
origem, e tudo que o define, está descrito nesse arco, fora a independência
cronológica, ou seja, nada de referência à outros títulos ou infinitas edições
anteriores.
Vamos também situar o arco
historicamente. Na década de 70, o Demolidor era um título bimestral à beira do
cancelamento. Mas foi aí que um roteirista chamado Frank Miller assumiu a revista, no começo da década de 80, e
transformou o título em uma das maiores vendagens da Marvel na época,
rivalizando com os X-Men da dupla Claremont
e Byrne. Isso porque, enquanto o
Quarteto Fantástico desbravava dimensões desconhecidas, Thor lutava contra deuses
nórdicos e os Vingadores debelavam mais um plano de algum super-vilão para
destruir a humanidade, o roteirista Frank
Miller pegou o Demolidor e o botou pra combater a escória miúda demais para
chamar a atenção dos medalhões do Universo Marvel: traficantes, exploradores de
jogos de azar, sequestradores, cafetões, assassinos…
E o ápice desse trabalho de Miller
é, sem dúvida, A Queda de Murdock.
Nesse arco de histórias, o roteirista quis retratar o preço de ser um herói, e
acompanhamos a total ruína do protagonista. Mas, apesar do título, esta é uma
história de superação e renascimento. Ao longo de sua derrocada material, moral
e psicológica, Matt redescobre os valores de sua missão, assume suas
dificuldades e sai de tudo fortalecido. Algo em A Queda de Murdock parece querer nos mostrar as coisas que
realmente valem à pena. Nos mostrar que mesmo que o mundo desabe à nossa volta,
aquilo que nós somos pode permanecer firme, e nosso espírito ainda que ferido,
pode cicatrizar e assim encontrar forças para recomeçar do zero. Renascer.
Além disso, ao mesmo tempo
acompanhamos excelentes tramas paralelas envolvendo outros personagens como
Karen Page, a ex secretária de Matt, o repórter Ben Urich, que está tentando
incriminar o Rei do Crime, e seu amigo e ex-sócio Foggy. Essas tramas se
desenvolvem muito bem e se cruzam nos momentos certos.
Enfim, valendo-se de uma dose de
realidade poucas vezes vista, a saga do herói comove e leva qualquer leitor a
uma reflexão séria. Os temas são diversos e estão coerentes. É possível crer na
decadência de um homem que foi um símbolo de competência e seriedade. É
possível crer no poder do dinheiro e das manipulações provocadas por ele. É
possível crer no renascimento de um homem.
Pouco tempo depois de lançar A Queda de Murdock, a Panini nos
presenteia com outro excelente arco do personagem, dessa vez escrito por Kevin Smith: Demolidor Diabo da Guarda.
A história começa com um Demolidor
retornando às suas raízes católicas, quando começa a se formar uma trama com
contexto bíblico. Uma virgem dá a luz a uma criança a quem deixa aos cuidados
do Demolidor. Ela tem acesso a identidade secreta do herói, a qual ela afirma
ter sido revelada por um anjo em um sonho. Enquanto o cenário é formado, outro
grupo surge alegando que o bebê não é o Salvador, mas sim a perdição da
humanidade, o Anti-Cristo. O vigilante cego precisa então colocar à prova toda
a sua fé, e tentar descobrir a verdade, ao mesmo tempo em que precisa
sobreviver a ataques desferidos não apenas contra ele, mas também a seus amigos
e parentes mais próximos.
O diferencial da história é ela ser calcada
no poder da crença, ou na facilidade com a qual é possível se fazer alguém
acreditar em algo desde que o palco seja montado de forma convincente.
Diabo
da Guarda também pode ser apreciado sem maiores problemas por leitores
eventuais de quadrinhos, que não façam a menor ideia do que andou acontecendo
na vida de Murdock nos últimos anos, como eu.
Como todo mundo sabe, prefiro
histórias com bons diálogos e uma trama envolvente, e isso com certeza é o que
encontramos nesse arco. Além disso, o final é surpreendente, apesar de achar
toda o estratagema executado pelo vilão megalomaníaco e exagerado demais. No final, é uma ótima
pedida, com uma arte bonita, um roteiro inteligente, e uma boa caracterização
dos personagens, e deve constar na coleção de qualquer fã de quadrinhos.
"Por mais de meio século, o Capitão América
foi símbolo de liberdade e combate à tirania onde quer que ela aparecesse. Mas
agora o maior soldado do mundo está morrendo. No que podem ser seus últimos
momentos, Steve Rogers precisa encontrar alguém com nobreza e coragem
suficientes para liderar a nova geração do Capitão América."
Capitão
América A Escolha é uma história que se passa fora da cronologia oficial
dos personagens da editora. O arco faz parte de uma linha de histórias
alternativas que a Marvel criou com o intuito de mostrar o fim de alguns heróis.
Algo dentro daquele universo "E se...".
Não há muito o que se falar da
história escrita por David Morrel e
ilustrada por Mitch Breitweiser,
pois a trama é bem simples. Porém, mesmo assim, ela consegue resumir toda a
essência do herói numa história que, apesar de simples, é cativante, cheia de
realidade, e que passa uma linda mensagem. É uma ótima pedida pra quem não
conhece muito do personagem entender toda a essência por trás das atitudes de
um dos heróis mais importantes do universo Marvel.
"Johhny
Blaze está preso no inferno. Noite após noite, ele corre em busca dos portões
infernais que lhe darão acesso à liberdade, que lhe é tomada sempre pelas
corjas demoníacas do inferno. Porém, uma luz surge no fim do túnel, um
desconhecido anjo faz ao esperançoso Johhny Blaze uma proposta para sair do
inferno, garantindo também o fim da maldição de se tornar o motoqueiro
fantasma."
O Motoqueiro Fantasma é outro
personagem com o qual nunca tive nenhum contato. Lembro de, inclusive, ter
ficado bastante surpreso quando descobri que ele existe no mesmo universo que o
Homem-Aranha e os X-Men, ou seja, no universo Marvel. Motoqueiro Fantasma Estrada Para Danação foi a primeira história do
personagem introduzida na coleção da Salvat, e meu primeiro contato com o
personagem.
Eu não curto esse tipo de história
com teor mais macabro e sobrenatural, mas gostei desse material. A trama, que
envolve Céu e Inferno se confrontando, a humanidade sendo joguete de ambos os
lados, e anjos e demônios que pouco se importam com a humanidade, mas sim entre
eles e seus "cargos" em suas dimensões espirituais, é interessante e
envolvente, e me fizeram querer ler até o final, mesmo não sendo o meu tipo de
quadrinho, sendo um ótimo encadernado pra quem nunca leu nada do personagem.
Agora, mesmo lendo essa história,
continuei sem entender nada a respeito do Céu e Inferno da Marvel, pois a
história é cheia de referências religiosas, mas, pelo que eu entendi, na Marvel
Céu e Inferno são dimensões, assim como os 9 Reinos de Asgard, por exemplo.
Porque é meio confuso imaginar que a trama de todo esse arco acontece nos
mesmos lugares onde Magneto e os X-Men se enfrentam, por exemplo. Fica anotado
aí Panini, está me devendo essa explicação numa próxima história, em um rodapé,
quem sabe.
"A lendária fase de os Surpreendentes X-Men escrita por Joss Whedon e desenhada por John
Cassaday continua! Quando o Instituto Xavier é abalado por uma trágica
morte, os X-Men descobrem que há um inimigo letal entre eles - alguém que tem
estudado o grupo durante anos e conhece todos os seus segredos!"
Surpreendentes
X-Men Perigoso é o segundo volume do arco de histórias escrito por Joss Whedon. O primeiro arco de Surpreendentes X-Men, Superdotados, do qual já falei na Parte
2, apresentou alguns personagens que seriam importantes na história e mostrou qual
seria a formação da equipe de mutantes que Whedon trabalharia. Perigoso continua essa história, mas
com um vilão totalmente diferente. Os elementos plantados no primeiro volume
continuam traçando uma trama quase que paralela, mas o foco da história muda um
pouco.
Infelizmente, não gostei tanto dessa
história quanto gostei do primeiro volume. Não que esse arco seja ruim, pelo
contrário, é uma história muito boa. Mas é que eu gostei demais de Superdotados.
Enfim, Perigoso é uma boa história, que se desenvolve bem, tem ótimos
diálogos, alguns bons questionamentos, continua com o ótimo humor, mas que não
me surpreendeu tanto quanto o arco anterior.
Continuando com os X-Men, temos Wolverine Arma X. Publicada originalmente em Marvel
Comics Presents 72 a 84, essa história é roteirizada, desenhada,
arte-finalizada e colorida por Windsor-Smith,
e conta a origem do personagem Wolverine.
Segundo boatos, Arma X desagradou enormemente Chris
Claremont, que tinha outros planos para a origem do personagem. Na
história, Logan é um homem perdido, fugindo de seu passado, quando é capturado
por agentes. Levado ao Projeto Arma X, chefiado pelo Professor, a história
subverte as expectativas, pois a partir daí Logan passa a história toda
praticamente desacordado, e vemos tudo pela perspectiva de quem acompanha o
processo de implante de adamantium, coordenado pelo Dr. Cornelius e sua
assistente, Srta. Hynes. Tudo se passa no complexo, o quadrinho se torna um
thriller de suspense e medo, pois Logan, tratado como um animal, é cruelmente transformado
num assassino sanguinário, um soldado totalmente manipulável. A tensão e o medo
entre os guardas, médicos e principalmente o Professor, que responde a alguém
que a história não revela, vai crescendo, conforme Logan vai conseguindo se
libertar do controle de seus captores.
Arma
X é cruel, violenta e visceral. E é também umas das mais aclamadas história
do personagem. Infelizmente, eu já tive tanto contato com o personagem e sua
origem, que a história não conseguiu me envolver o tanto que eu esperava. Mas Arma X é uma história tão consagrada que com certeza vale a leitura.
Continuando o encadernado Vingadores A Queda, temos Novos Vingadores Motim. Enquanto A
Queda acompanha o que veio a ser considerado como o pior dia da história da
super equipe, e o consequente fim do grupo, Motim gira em torno dos eventos que
levaram à criação dos Novos Vingadores, um novo super grupo encabeçado por
veteranos como o Capitão América e o Homem de Ferro, mas com a adição de novos
e inusitados integrantes como Wolverine e Homem-Aranha.
O começo da história não é lá muito
original. Basicamente, solte uma cambada de super vilões presos numa cadeia de segurança máxima (daí o
tal motim) e force os super-heróis a unirem forças para impedir o caos
iminente.
A trama desse arco não me envolveu
tanto porque esse arco tem mais ação do que história, e já deixei claro em
vários de meus textos que esse não é o meu tipo preferido de quadrinho. Além
disso, há um número muito grande de personagens, e um troca-troca desnecessário
de cenários.
Mesmo assim, o volume tem suas
qualidades. Há um toque de teoria da conspiração que caiu muito bem na
história, e a relação entre os heróis está muito boa, com humor na medida
certa, o que me garantiu boas risadas. Além disso, a história é importante, já
que apresenta a formação mais recente da mais importante super equipe da
Marvel.
E vou fechar a Parte 3, que acabou
ficando maior que as demais, com Thor
Renascer dos Deuses, primeira história que tive contato do deus asgardiano.
Na trama escrita por Straczynski, Thor é resgatado por seu
alter-ego mortal, Dr. Donald Blake, após o Ragnarock, onde todos os deuses
asgardianos morreram. Juntos, eles trazem de volta os heróis imortais de
Asgard, cidade mítica que agora sobrevoa uma pequeno condado em Oklahoma. Straczynski conduz suas histórias
através de pequenas cenas cotidianas, que exploram o fato de um ser mágico
conviver entre humanos caipiras.
A trama é simples, porém ganha ares
de algo muito maior por causa das belas ilustrações de Olivier Coipel e do roteiro bem elaborado de J. Michael Straczynski. O renascer dos deuses é um título que
dispensa maiores comentários, pois é basicamente isso: os deuses que foram
destruídos pelo Ragnarok podem ser trazidos novamente à vida. A explicação para
esse “ressuscitar” é convincente e teve uma abordagem diferenciada, poética. A
trama tem coerência, está consistente e tem boas passagens que garantirão ao
leitor muito mais que mero entretenimento.
"Não cabe aos deuses decidir se o
Homem existe ou não... Cabe ao Homem decidir se os deuses existem ou não."
Outro ponto forte abordado nesse
encadernado é o reencontro de Thor e o Homem de Ferro. Para situar, essa
história se passa após a saga Guerra Civil, onde o asgardiano foi traído por
Stark. Quando os dois se confrontam novamente, Thor mostra a verdadeira
extensão de seus poderes, sem se poupar.
Enfim, Thor: O Renascer dos Deuses,
é uma obra simples, mas com uma trama extremamente poética e envolvente. Recomendada inclusive para quem está começando
a conhecer um pouco mais do personagem que voltou à mídia com os dois filmes
solo e o longa-metragem Vingadores.
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