A Coleção Oficial de Graphic Novels da Marvel [Parte 03]

terça-feira, 8 de julho de 2014

Continuando os textos sobre os lançamentos da Coleção Oficial de Graphic Novels da Marvel, falarei de alguns dos recentes lançamentos, pra continuar ajudando quem não pretende comprar todas as edições.

"Wilson Fisk, o Rei do Crime. Um homem diabólico, cujo império criminoso se tornaria impossível de ser contido não fosse a interferência contínua do advogado Matt Murdock, mais conhecido como Demolidor.Certo dia, Fisk recebe uma informação revelando a identidade secreta do herói... e dá início a uma devastadora campanha de vingança, cujo objetivo é não apenas destruir o Homem sem Medo, mas todo o mundo ao seu redor."
            Antes de ler a A Queda de Murdock, nunca tinha tido contato com nenhum material do Demolidor. Pra falar a verdade, a única coisa que sabia a respeito do personagem era que ele tinha um filme com o Ben Affleck que foi fracasso de crítica e bilheteria. Por ser um herói mais urbano, e não fazer parte dessa nova leva de filmes da Marvel, acredito que aconteça o mesmo com muita gente. Portanto, a Panini não poderia ter escolhido história melhor para introduzir o personagem na coleção.
            Pra começar, A Queda de Murdock serve como um ótimo ponto de partida pra quem nunca leu nada do personagem, já que toda a essência do Demolidor, a sua origem, e tudo que o define, está descrito nesse arco, fora a independência cronológica, ou seja, nada de referência à outros títulos ou infinitas edições anteriores.
            Vamos também situar o arco historicamente. Na década de 70, o Demolidor era um título bimestral à beira do cancelamento. Mas foi aí que um roteirista chamado Frank Miller assumiu a revista, no começo da década de 80, e transformou o título em uma das maiores vendagens da Marvel na época, rivalizando com os X-Men da dupla Claremont e Byrne. Isso porque, enquanto o Quarteto Fantástico desbravava dimensões desconhecidas, Thor lutava contra deuses nórdicos e os Vingadores debelavam mais um plano de algum super-vilão para destruir a humanidade, o roteirista Frank Miller pegou o Demolidor e o botou pra combater a escória miúda demais para chamar a atenção dos medalhões do Universo Marvel: traficantes, exploradores de jogos de azar, sequestradores, cafetões, assassinos…
            E o ápice desse trabalho de Miller é, sem dúvida, A Queda de Murdock. Nesse arco de histórias, o roteirista quis retratar o preço de ser um herói, e acompanhamos a total ruína do protagonista. Mas, apesar do título, esta é uma história de superação e renascimento. Ao longo de sua derrocada material, moral e psicológica, Matt redescobre os valores de sua missão, assume suas dificuldades e sai de tudo fortalecido. Algo em A Queda de Murdock parece querer nos mostrar as coisas que realmente valem à pena. Nos mostrar que mesmo que o mundo desabe à nossa volta, aquilo que nós somos pode permanecer firme, e nosso espírito ainda que ferido, pode cicatrizar e assim encontrar forças para recomeçar do zero. Renascer. 
            Além disso, ao mesmo tempo acompanhamos excelentes tramas paralelas envolvendo outros personagens como Karen Page, a ex secretária de Matt, o repórter Ben Urich, que está tentando incriminar o Rei do Crime, e seu amigo e ex-sócio Foggy. Essas tramas se desenvolvem muito bem e se cruzam nos momentos certos.
            Enfim, valendo-se de uma dose de realidade poucas vezes vista, a saga do herói comove e leva qualquer leitor a uma reflexão séria. Os temas são diversos e estão coerentes. É possível crer na decadência de um homem que foi um símbolo de competência e seriedade. É possível crer no poder do dinheiro e das manipulações provocadas por ele. É possível crer no renascimento de um homem.

            Pouco tempo depois de lançar A Queda de Murdock, a Panini nos presenteia com outro excelente arco do personagem, dessa vez escrito por Kevin Smith: Demolidor Diabo da Guarda.
            A história começa com um Demolidor retornando às suas raízes católicas, quando começa a se formar uma trama com contexto bíblico. Uma virgem dá a luz a uma criança a quem deixa aos cuidados do Demolidor. Ela tem acesso a identidade secreta do herói, a qual ela afirma ter sido revelada por um anjo em um sonho. Enquanto o cenário é formado, outro grupo surge alegando que o bebê não é o Salvador, mas sim a perdição da humanidade, o Anti-Cristo. O vigilante cego precisa então colocar à prova toda a sua fé, e tentar descobrir a verdade, ao mesmo tempo em que precisa sobreviver a ataques desferidos não apenas contra ele, mas também a seus amigos e parentes mais próximos.
            O diferencial da história é ela ser calcada no poder da crença, ou na facilidade com a qual é possível se fazer alguém acreditar em algo desde que o palco seja montado de forma convincente.
            Diabo da Guarda também pode ser apreciado sem maiores problemas por leitores eventuais de quadrinhos, que não façam a menor ideia do que andou acontecendo na vida de Murdock nos últimos anos, como eu.
            Como todo mundo sabe, prefiro histórias com bons diálogos e uma trama envolvente, e isso com certeza é o que encontramos nesse arco. Além disso, o final é surpreendente, apesar de achar toda o estratagema executado pelo vilão megalomaníaco  e exagerado demais. No final, é uma ótima pedida, com uma arte bonita, um roteiro inteligente, e uma boa caracterização dos personagens, e deve constar na coleção de qualquer fã de quadrinhos.

"Por mais de meio século, o Capitão América foi símbolo de liberdade e combate à tirania onde quer que ela aparecesse. Mas agora o maior soldado do mundo está morrendo. No que podem ser seus últimos momentos, Steve Rogers precisa encontrar alguém com nobreza e coragem suficientes para liderar a nova geração do Capitão América."
            Capitão América A Escolha é uma história que se passa fora da cronologia oficial dos personagens da editora. O arco faz parte de uma linha de histórias alternativas que a Marvel criou com o intuito de mostrar o fim de alguns heróis. Algo dentro daquele universo "E se...".  
            Não há muito o que se falar da história escrita por David Morrel e ilustrada por Mitch Breitweiser, pois a trama é bem simples. Porém, mesmo assim, ela consegue resumir toda a essência do herói numa história que, apesar de simples, é cativante, cheia de realidade, e que passa uma linda mensagem. É uma ótima pedida pra quem não conhece muito do personagem entender toda a essência por trás das atitudes de um dos heróis mais importantes do universo Marvel.

"Johhny Blaze está preso no inferno. Noite após noite, ele corre em busca dos portões infernais que lhe darão acesso à liberdade, que lhe é tomada sempre pelas corjas demoníacas do inferno. Porém, uma luz surge no fim do túnel, um desconhecido anjo faz ao esperançoso Johhny Blaze uma proposta para sair do inferno, garantindo também o fim da maldição de se tornar o motoqueiro fantasma."
            O Motoqueiro Fantasma é outro personagem com o qual nunca tive nenhum contato. Lembro de, inclusive, ter ficado bastante surpreso quando descobri que ele existe no mesmo universo que o Homem-Aranha e os X-Men, ou seja, no universo Marvel. Motoqueiro Fantasma Estrada Para Danação foi a primeira história do personagem introduzida na coleção da Salvat, e meu primeiro contato com o personagem.
            Eu não curto esse tipo de história com teor mais macabro e sobrenatural, mas gostei desse material. A trama, que envolve Céu e Inferno se confrontando, a humanidade sendo joguete de ambos os lados, e anjos e demônios que pouco se importam com a humanidade, mas sim entre eles e seus "cargos" em suas dimensões espirituais, é interessante e envolvente, e me fizeram querer ler até o final, mesmo não sendo o meu tipo de quadrinho, sendo um ótimo encadernado pra quem nunca leu nada do personagem.
            Agora, mesmo lendo essa história, continuei sem entender nada a respeito do Céu e Inferno da Marvel, pois a história é cheia de referências religiosas, mas, pelo que eu entendi, na Marvel Céu e Inferno são dimensões, assim como os 9 Reinos de Asgard, por exemplo. Porque é meio confuso imaginar que a trama de todo esse arco acontece nos mesmos lugares onde Magneto e os X-Men se enfrentam, por exemplo. Fica anotado aí Panini, está me devendo essa explicação numa próxima história, em um rodapé, quem sabe.

"A lendária fase de os Surpreendentes X-Men escrita por Joss Whedon e desenhada por John Cassaday continua! Quando o Instituto Xavier é abalado por uma trágica morte, os X-Men descobrem que há um inimigo letal entre eles - alguém que tem estudado o grupo durante anos e conhece todos os seus segredos!"
            Surpreendentes X-Men Perigoso é o segundo volume do arco de histórias escrito por Joss Whedon. O primeiro arco de Surpreendentes X-Men, Superdotados, do qual já falei na Parte 2, apresentou alguns personagens que seriam importantes na história e mostrou qual seria a formação da equipe de mutantes que Whedon trabalharia. Perigoso continua essa história, mas com um vilão totalmente diferente. Os elementos plantados no primeiro volume continuam traçando uma trama quase que paralela, mas o foco da história muda um pouco.
            Infelizmente, não gostei tanto dessa história quanto gostei do primeiro volume. Não que esse arco seja ruim, pelo contrário, é uma história muito boa. Mas é que eu gostei demais de Superdotados.
            Enfim, Perigoso é uma boa história, que se desenvolve bem, tem ótimos diálogos, alguns bons questionamentos, continua com o ótimo humor, mas que não me surpreendeu tanto quanto o arco anterior.

            Continuando com os X-Men, temos Wolverine Arma XPublicada originalmente em Marvel Comics Presents 72 a 84, essa história é roteirizada, desenhada, arte-finalizada e colorida por Windsor-Smith, e conta a origem do personagem Wolverine.
            Segundo boatos, Arma X desagradou enormemente Chris Claremont, que tinha outros planos para a origem do personagem. Na história, Logan é um homem perdido, fugindo de seu passado, quando é capturado por agentes. Levado ao Projeto Arma X, chefiado pelo Professor, a história subverte as expectativas, pois a partir daí Logan passa a história toda praticamente desacordado, e vemos tudo pela perspectiva de quem acompanha o processo de implante de adamantium, coordenado pelo Dr. Cornelius e sua assistente, Srta. Hynes. Tudo se passa no complexo, o quadrinho se torna um thriller de suspense e medo, pois Logan, tratado como um animal, é cruelmente transformado num assassino sanguinário, um soldado totalmente manipulável. A tensão e o medo entre os guardas, médicos e principalmente o Professor, que responde a alguém que a história não revela, vai crescendo, conforme Logan vai conseguindo se libertar do controle de seus captores.
           Arma X é cruel, violenta e visceral. E é também umas das mais aclamadas história do personagem. Infelizmente, eu já tive tanto contato com o personagem e sua origem, que a história não conseguiu me envolver o tanto que eu esperava. Mas Arma X é  uma história tão consagrada  que com certeza vale a leitura.

            Continuando o encadernado Vingadores A Queda, temos Novos Vingadores Motim. Enquanto A Queda acompanha o que veio a ser considerado como o pior dia da história da super equipe, e o consequente fim do grupo, Motim gira em torno dos eventos que levaram à criação dos Novos Vingadores, um novo super grupo encabeçado por veteranos como o Capitão América e o Homem de Ferro, mas com a adição de novos e inusitados integrantes como Wolverine e Homem-Aranha.
            O começo da história não é lá muito original. Basicamente, solte uma cambada de super vilões  presos numa cadeia de segurança máxima (daí o tal motim) e force os super-heróis a unirem forças para impedir o caos iminente.
            A trama desse arco não me envolveu tanto porque esse arco tem mais ação do que história, e já deixei claro em vários de meus textos que esse não é o meu tipo preferido de quadrinho. Além disso, há um número muito grande de personagens, e um troca-troca desnecessário de cenários.
            Mesmo assim, o volume tem suas qualidades. Há um toque de teoria da conspiração que caiu muito bem na história, e a relação entre os heróis está muito boa, com humor na medida certa, o que me garantiu boas risadas. Além disso, a história é importante, já que apresenta a formação mais recente da mais importante super equipe da Marvel.

            E vou fechar a Parte 3, que acabou ficando maior que as demais, com Thor Renascer dos Deuses, primeira história que tive contato do deus asgardiano.
            Na trama escrita por Straczynski, Thor é resgatado por seu alter-ego mortal, Dr. Donald Blake, após o Ragnarock, onde todos os deuses asgardianos morreram. Juntos, eles trazem de volta os heróis imortais de Asgard, cidade mítica que agora sobrevoa uma pequeno condado em Oklahoma. Straczynski conduz suas histórias através de pequenas cenas cotidianas, que exploram o fato de um ser mágico conviver entre humanos caipiras.
            A trama é simples, porém ganha ares de algo muito maior por causa das belas ilustrações de Olivier Coipel e do roteiro bem elaborado de J. Michael Straczynski. O renascer dos deuses é um título que dispensa maiores comentários, pois é basicamente isso: os deuses que foram destruídos pelo Ragnarok podem ser trazidos novamente à vida. A explicação para esse “ressuscitar” é convincente e teve uma abordagem diferenciada, poética. A trama tem coerência, está consistente e tem boas passagens que garantirão ao leitor muito mais que mero entretenimento.

"Não cabe aos deuses decidir se o Homem existe ou não... Cabe ao Homem decidir se os deuses existem ou não."

            Outro ponto forte abordado nesse encadernado é o reencontro de Thor e o Homem de Ferro. Para situar, essa história se passa após a saga Guerra Civil, onde o asgardiano foi traído por Stark. Quando os dois se confrontam novamente, Thor mostra a verdadeira extensão de seus poderes, sem se poupar.
            Enfim, Thor: O Renascer dos Deuses, é uma obra simples, mas com uma trama extremamente poética e envolvente.  Recomendada inclusive para quem está começando a conhecer um pouco mais do personagem que voltou à mídia com os dois filmes solo e o longa-metragem Vingadores.


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