Eu me considero uma criança. Não no que diz respeito a minha maturidade. Nesse ponto, considero minha maior prova de amadurecimento justamente o fato de nunca deixar minha criança interior ser ofuscada pelas frivialidades da vida adulta. Eu sei ser adulto quando é necessário, mas continuo tendo o mesmo encanto com a vida que eu tinha quando era pequeno e totalmente inocente.
Pra mim, o maior responsável pelo surto de infelicidade na sociedade contemporânea é justamente o excesso de esterótipos e falta de encanto com as pequenas maravilhas da vida.
Falo tudo isso porque um filme me despertou todas essas sensações dois dias atrás. Estou falando de uma das últimas e mais aclamadas obras da Pixar: Up - Altas Aventuras.
O título começa contando em poucos minutos como Carl Fredricksen
e Ellie se conheceram, casaram-se e viveram juntos harmoniosamente
durante décadas; tudo sem falas. Ainda
crianças, os dois possuíam em comum o gosto por aventuras e o ídolo, o
corajoso explorador de terras Charles Muntz. Quando jovens, o casal
planejou uma longa viagem à América do Sul, mais especificamente às
Cataratas do Paraíso. Mas, por força do destino, a dupla nunca pôde
realizar seu maior sonho. Então Ellie falece, deixando sozinho um
rabugento e introspectivo Carl. Com a morte da esposa e uma sucessão de
acontecimentos que o obrigariam a deixar sua casa para viver em um
asilo, Carl decide finalmente partir para a viagem sempre planejada e
jamais executada. Para seu desgosto, acidentalmente leva consigo o
pequeno escoteiro Russell. O veículo usado na aventura é a grande atração:
a própria casa do velhinho, sustentada por milhares de balões coloridos
e controlada por um sistema de roldanas e panos que resultam numa “casa
voadora à vela”.
Enquanto o velho viúvo prefere pouca ou nenhuma conversa, o garoto,
determinado a conseguir sua última medalha de escoteiro por favores
prestados a idosos, é falante, extrovertido e hiperativo. Russell vê
tudo com o entusiasmo de uma criança começando uma vida de aventuras;
Carl dificilmente se desarma para o mundo, é apegado melancolicamente a
um passado que não volta mais. O que une os dois personagens é um tocante sentimento de solidão. Russel demonstra uma comovente
necessidade da presença do pai, enquanto Carl está obviamente
preso à saudade que sente de Ellie, sua única companhia durante toda a
vida. Para suavizar o clima melancólico da história, entram em cena Kevin,
uma bela e gigante ave com quem Russell logo simpatiza, e o cachorro
Dug, ambos responsáveis pela maior parte das cenas cômicas do longa.
Up é capaz de nos fazer repensar nossas
relações com o próximo e os sentimentos que nos fecham para tantas
descobertas. Independente da idade que se tenha, é possível escolher entre o
entusiasmo de uma criança disposta a descobrir o mundo ou se limitar a viver recusando um mundo de novas experiências.
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1 comentários:
Que lindo, meu amor! Amei!
E amei vez esse filme com você, significou muito para mim! Te amo!
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