Em 2009, J.J. Abrams nos deu um novo Star Trek para um novo século. Quatro anos depois, Além da Escuridão reafirma de forma
grandiosa a força desse novo Star Trek,
mas deixando bem claro que esse novo Jornada
nas Estrelas tem a cara do século XXI.
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A sequência inicial é espetacular. Foi a parte que mais remete ao clima de exploração da
série original. Uma das maiores diferenças entre esse novo reboot da franquia e
o material original é a falta de um maior apelo da exploração espacial, e de um
contato com raças e culturas inusitadas, o que sempre foi a graça principal de Jornada nas Estrelas. Tanto no primeiro
quanto no segundo filme, falta essa exploração do desconhecido. Até aqui, o que
guiou esses dois filmes foi mostrar como a tripulação da Enterprise lida com
desafios e as inúmeras, mas incrivelmente bem feitas, cenas de ação.
Segundo
os fãs da série, os episódios do programa sempre preocuparam-se em debater
problemas da sociedade. Além da
Escuridão não faz diferente. O filme revê a tensão que o terrorismo causa
no mundo moderno. Todo o subtexto do ataque preventivo e a conspiração bélica
na Frota Estelar espelha a Guerra do Iraque, e qualquer diálogo com a
perseguição a Bin Laden no Afeganistão e Paquistão não deve ser mera
coincidência.
O novo vilão é também muito mais
complexo, e traz um tom diferente à trama. Benedict Cumberbatch está impecável
em sua atuação. Só acho que o filme poderia ter explorado um pouco mais a
história do vilão, já que passa muito rápido e brevemente sobre sua origem.
Chris Pine e Zachary Quinto
também roubam a cena, como Kirk e Spock, respectivamente. Ambos expõem de forma
impactante as vulnerabilidades emocionais, morais e mesmo físicas dos
personagens. Spock é sensacional, e foi difícil não se emocionar ao ver seu
lado mais humano sobrepor sua natureza vulcana em certas cenas. A química entre
os personagens também melhorou consideravelmente. Após a introdução dos membros
da nave Enterprise no primeiro filme, fica claro o entrosamento da equipe. Todos
possuem seus papéis bem definidos.
O
humor do filme é digno de destaque, por está presente na medida certa, sem
forçar a barra.
Os
efeitos especiais são ainda mais formidáveis que os do primeiro filme, por mais
difícil que isso possa parecer. São inúmeras as cenas de ação, e o filme segue
um ritmo alucinante em que não temos tempo pra respirar. A trama em si está
longe da ousada arquitetura de jogo de xadrez dos filmes originais, mas
acredito que isso seja mais parte da estratégia de J.J. Abrams de consolidar um
público mais atual. Eu particularmente adoro filmes com roteiros mais
complexos, mas o novo Star Trek
ainda está conquistando a nova geração, e pra isso precisa seguir as tendências
do mercado cinematográfico. Quem sabe num terceiro filme, uma temática mais inteligente
seja abordada? Pena que o futuro de Star Trek agora seja incerto, já que Abrams vai
focar sua atenção na franquia Star Wars. Eu, particularmente, queria ver mais desse universo trekker. Por
mais que goste muito de Star Wars, o
fato de Star Trek mostrar a Terra
num cenário futurista e de exploração espacial, vai sempre me deixar com um
gostinho de quero mais.
1 comentários:
Muito boa crítica. Muita sensibilidade. Padu Aragon está de parabéns.
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