
Há dez anos,
no entanto, a capital de Arelon caiu em desgraça. Uma maldição misteriosa
devastou Elantris e os corpos de seus habitantes, que agora vivem a decrepitude
em intensa dor. Os elantrinos tornaram-se criaturas sem poder, enrugadas e
parecidas com leprosos. E a própria Elantris ficou sombria e imunda.
Um dos mais
recentes elantrinos é o príncipe Raoden, cujo casamento marcado com a princesa
Sarene, a astuta filha do rei Eventeo, não ocorre em decorrência de sua
transformação divulgada como morte e seguida de um suspeitíssimo velório.
Enquanto Raoden
tenta inventar uma maneira menos dolorosa de viver em Elantris, Sarene desvenda
discretamente intrigas políticas, ensina esgrima às mulheres da corte e desafia
Hrathen, o assustador líder religioso enviado de Fjorden, e seu sombrio
escudeiro Dilaf."
Elantris
foi uma surpresa positiva. O adquiri por
acaso: precisava trocar um livro por outro de preço similar na livraria da UFF,
e me deparei com a linda arte de capa de Elantris em meio a vários outros
títulos. A sinopse também despertou meu interesse, e como gosto de livros de
fantasia, resolvi dar uma chance. Mas o que mais chamou a minha atenção foi o
fato do romance ser volume único. Apesar de ser um livro grosso (são cerca de
570 páginas), são raros os títulos atuais desse gênero literário que não se
dividem em vários volumes, nos fazendo aguardar anos pela conclusão da saga.
A narrativa é desenvolvida sob o ponto de vista
dos três personagens citados na sinopse: Raoden, príncipe de Arelon e herdeiro
do trono, Sarene, noiva de Raoden, que sai do reino de seu pai e encontra em Arelon
um ambiente cheio de conspirações e intrigas políticas, e Hrathen, alto-sacerdote da
religião Shu-Dereth e general do Estado teocrático de Fjorden, cujo objetivo é
converter toda a Arelon à sua fé. Esse tipo de narrativa é muito legal, pois
observamos situações iguais, - vivenciadas por personagens que se encontram
muitas das vezes num mesmo local, em um mesmo intervalo de tempo - mas sob diferentes
perspectivas.
Cada um desses personagens são
descritos de forma maravilhosa. Cada um tem a sua própria história, com suas
próprias experiências, o que lhes dá uma perspectiva única sobre a vida. Como li outro dia na internet:
" As pessoas são a verdadeira história de Elantris."
Dito isso tudo, deve ter ficado fácil de perceber que Elantris é mais um livro sobre política, disputas religiosas, hegemonia e transformações. Elantris é baseado em diálogos e política. O romance é uma mudança brusca para aqueles acostumados com livros de fantasia mais tradicionais (grupo de aventureiros em busca de finalizar sua missão, cruzando masmorras e áreas selvagens, derrotando diversos monstros pelo caminho). Mas quando os personagens finalmente resolvem entrar em ação, entramos num clímax que culmina em um dos melhores momentos da história.
Outro ponto positivo da história
é sua sensibilidades contemporânea: por mais que o mundo de Elantris se pareça
com a clássica fantasia medieval, os personagens são semelhantes a nós no modo
de pensar e Brandon consegue tratar de temas muito atuais. Ele nos mostra quais
são as consequências geradas pelo isolamento de Elantris e como aos poucos o
local vai se tornando melhor, mesmo com a maldição ainda permanecendo em seus
habitantes. É algo realmente muito bonito de se ler e muito parecido com a
nossa atual sociedade. Fica bem evidente a crítica à essa sociedade, em que a
maioria só visa o lucro e o governo esquece de cuidar da sua própria população.
O mesmo pode ser dito quanto ao aspecto religioso da trama.
O sistema de magia é também muito
interessante. Ao contrário da magia encontrada em lendas, fábulas ou outros
livros, ela é muito bem definida e o leitor aprende suas capacidades e limites.
Desta maneira, a magia não é algo inexplicável que resolve qualquer problema,
mas uma ferramenta lógica usada pelos personagens.
Vale
ressaltar que Elantris nos apresenta um universo totalmente novo. Em meio a
tantas religiões, nações e locais, cada um com sua própria história e
complicações, é bem difícil entender tudo isso logo de cara. Nas primeiras 100
páginas são tantos nomes que ficamos meio perdidos. Mas não se preocupe, tudo
vai sendo explicado na medida certa, e logo você estará totalmente imerso na
trama e no universo de Elantris, ávido por desvendar seus mistérios; mistérios
esses que vão te fazer devorar o livro, já que a maioria das questões só é
revelado lá pro final da trama.
Resumindo,
Elantris é uma leitura mais do que recomendada, principalmente praqueles que
quiserem ler uma história de fantasia fora da normalidade.
Entrelinhas
Por mais que a trama de Elantris termine, seu final deixa algumas
questões em aberto. Já fiquei sabendo que Brandon planeja duas
sequências. Agora só nos resta aguardar.
2 comentários:
Mais uma vez Padu Aragon nos brinda com uma excelente resenha, e eu aqui fiquei com muita vontade de ler o livro. Obrigado pela dica.
Mais uma ótima resenha retratando perfeitamente um grande livro.
Postar um comentário