Em uma aposta pra lá de ousada, Guillermo Del Toro presta homenagem a um gênero extremamente underground (expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia), e nos entrega não só uma ficção científica de ação mais do que competente, mas um dos filmes mais divertidos do ano.
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Eu sou da década de 90, e não
acompanhei nenhuma das séries que marcaram os tokusatsus no Brasil, como Ultraman, Kamen Rider e Jiraiya, mas vi muito de uma franquia
norte-americana que usa estas séries como base até hoje: Power Rangers. No final de cada episódio os heróis enfrentavam
monstros gigantes e, para isso, utilizavam seus mega robôs, se digladiando e
passando por cima de prédios e carros pela cidade.
Revendo essas séries hoje em dia,
fica fácil de perceber que as cidades nada mais são que maquetes, e que dublês
fantasiados se passam por monstros e robôs. Mesmo assim, nos a adorávamos, e não é difícil nos pegar imaginando como seria tudo aquilo com a
tecnologia de hoje. Del Toro nos fez este favor.
O interessante é que eu não tinha
expectativa nenhuma pra esse filme. Mesmo vendo os trailers, nada tinha me
empolgado. Acho que o fato deu ter ido ao cinema sem esperar muita coisa, me
fez curtir mais ainda. E essa surpresa é muito positiva, ainda mais estando
acostumado a ver filmes que os trailers são melhores que o filme em si.
O roteiro, escrito pelo próprio
diretor em parceria com Travis Beacham
(Fúria de Titãs), é simples: após
anos em guerra com os monstruosos kaijus, criaturas imensas que invadem nosso
mundo por uma fenda no fundo do Oceano Pacífico, a humanidade começa a desistir
de lutar. Então, o marechal Stacker Pentecost (Idris Elba) reúne os últimos jaegers (como são chamados os robôs
usados para combater os kaijus) ainda disponíveis e seus respectivos pilotos
para uma derradeira investida numa tentativa de finalmente conter os inimigos.
Dentre estes pilotos estão os
protagonistas Raleigh (Charlie Hunnam)
e Mako (Rinko Kikuchi), em uma atuação
pra lá de convincente, principalmente pra dois atores até então relativamente
desconhecidos. Todo o resto do elenco de apoio está excelente, principalmente a
dupla de cientistas (Burn Gorman e Charlie Day) que serve de alívio cômico
para o longa. Outro personagem interessante é o colecionador de kaijus Hannibal
Chau (Ron Pearlman), que, mesmo com
tão pouco tempo em tela, se mostra uma das figuras mais marcantes do filme. Mas
quem rouba a cena mesmo é Idris Elba, que acaba sendo o grande destaque do elenco.
Del Toro sempre deixou claro que é
apaixonado pelo estilo, e talvez até mesmo por isso consegue fazer um filme
fantástico, que faz até o mais cético dos críticos vibrarem na poltrona a cada
soco despejado em meio a tantos combates épicos.
Tecnicamente falando, os efeitos
especiais são impecáveis. As criaturas, criadas através de efeitos digitais,
são impressionantes, da mesma forma que os robôs pesadões. É incrível como os
embates conseguem ser tão fáceis de acompanhar, bem diferente da bagunça tresloucada
da trilogia Transformers. Alias,
devo admitir que, por mais que eu goste da trilogia Transformers, Círculo de
Fogo conseguiu ser tudo o que o outro não foi, não só no quesito efeito
especial, mas em mesclar um roteiro ao menos digno em meio a tantas cenas de
ação.
O roteiro do filme é bem
equilibrado, sabendo mesclar a pancadaria com explicações cientificas de como controlamos
os Jaegers, o estudo humano sobre a fenda, ou sobre o que são os Kaijus e
porque eles nos atacam. Vale ressaltar que o filme não é em momento algum
previsível, e até os momentos finais não fazemos ideia do que está acontecendo
e de como tudo vai terminar.
Mas claro, os combates entres os
gigantes são o principal atrativo do filme, embalados pela empolgante trilha de
Ramin Djawandi (que eu inclusive já
baixei).
Vale ressaltar que para aproveitar o
filme ao máximo ele deve ser visto nos cinemas. E não saia assim que o filme
acabar, pois há uma breve cena durante os créditos finais.
Enfim, Circulo de Fogo é certamente um dos blockbusters mais divertidos do ano até aqui. É um filme perfeito
no quesito diversão. Se o filme tem defeitos? Desculpe, mas estava em êxtase
vibrando e me divertindo e não reparei. E digo mais:
"Morando
aqui nesta cidade enfrentamos muitos delinquentes
Em
alta velocidade no carro robô gigante
Eu
me amarro, Robô Gigante
Nós
lutamos, Robô Gigante
Todos
se amarram, Robôs Gigantes
As
gatas também, Robôs Gigantes"
E que venha Godzilla!
2 comentários:
Aprendi mais uma com o Padu Aragon. Cheguei a ver Ultraman, mas naquela época nem sabia que era uma série do gênero tokusatsu. Círculo de Fogo ainda não chegou em Araraquara, mas vai chegar logo...
Aprendi mais uma com o Padu Aragon. Cheguei a ver Ultraman, mas naquela época nem sabia que era uma série do gênero tokusatsu. Círculo de Fogo ainda não chegou em Araraquara, mas vai chegar logo...
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