O Hobbit A Desolação de Smaug

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O Hobbit A Desolação de Smaug foi lançado ainda no início de dezembro, porém, devido ao meu ritmo de férias, minha crítica do filme acabou demorando pra sair, o que, por um lado, foi muito bom já que me permitiu digerir mais os erros e acertos desse filme tão polêmico, que dividiu a opinião dos espectadores. Enquanto vi muita gente defendendo o filme e o classificando como "o melhor filme do ano", vi também muitas pessoas massacrando a continuação de Uma Jornada Inesperada, definindo-o como a maior decepção cinematográfica do ano. Nenhuma dessas opiniões me representa.
            Antes de mais nada, vou deixar bem claro que eu já o livro O Hobbit. Vi algumas pessoas reclamando de mudanças feitas pro filme e da introdução de personagens que não aparecerem na obra original de Tolkien. Não vou nem entrar naquela velha discussão de que são duas mídias diferentes e que modificações devem ser feitas, desde que permaneçam a essência da história e dos personagens. A presença de Legolas (Orlando Bloom), por exemplo, é muito bem vinda. Apesar do personagem não aparecer no livro, ele de certa forma estava presente na história, afinal, ele é filho do rei Thranduil. Sua inserção, além de atrair os fãs da trilogia SdA dos cinemas (que não conhecem a história do Hobbit), é ótima para demonstrar a evolução do personagem, revelando-o como um até então príncipe arrogante, muito diferente de como ele aparece em O Senhor dos Anéis. É bem interessante também saber onde o Gandalf vai quando precisa abandonar o grupo, coisa que não é explorada no livro. Além disso, numa história tão cheia de personagens masculinos é agradável ver a presença da linda elfa Tauriel (Evangeline Lilly), outro personagem inventado por Peter Jackson, e suavizar a jornada com um romance. Infelizmente, apesar de ser uma ótima personagem e do romance ser muito bem vindo, achei péssima a escolha do triângulo amoroso. Seria muito mais interessante desenvolver o amor proibido entre o príncipe Legolas e uma simples súdita do rei, do que sugerir um interesse amoroso da elfa pelo anão Kili. Ficou muito forçado, e difícil de engolir.
            A Desolação de Smaug também possui o clima mais leve e aventuresco do livro, principalmente se formos comparar com a trilogia SdA, porém também é um filme mais sombrio do que o primeiro, devido a relevância de seus acontecimentos. O tema em questão é a ganância e praticamente todos os personagens de O Hobbit enfrentam o desejo pela obtenção de algo e precisam lidar com esse sentimento. Cheios de ganância em seu coração, todos têm o potencial de se transformar nos grandes antagonistas da história.
            As cenas de ação estão fantásticas, o ritmo é de tirar o fôlego e as lutas estão muito bem coreografadas (você acompanha tudo o que acontece na tela). O humor também é muito bem pontuado. Por sinal, a cena dos barris, que mistura justamente ótimas cenas de luta com uma boa dose de humor, é uma das melhores cenas que já vi nos cinemas.
            É interessante também a importância dada ao personagem Bard, que tem um papel fundamental no livro, mas é muito pouco desenvolvido no mesmo. Em A Desolução de Smaug, no entanto, o personagem ganha um ótimo contexto, dando mais sentido ao personagem. Todas as cenas na Cidade do Lago estão ótimas. O personagem Beorn, porém, foi muito mau aproveitado. Sua participação não acrescenta em nada ao filme, numa cena completamente jogada, que deve estar ali só para os fãs não reclamarem que o personagem não apareceu.
            Já os efeitos especiais parecem que tiveram seu investimento mal distribuído durante todo o filme. Há momentos em que os orcs não convencem, e parece que faltou uma caprichada. Mas você vai esquecer todos esses problemas depois de assistir a cena da fuga dos barris e quando finalmente se deparar com o Smaug pela primeira vez. O dragão está sensacional, totalmente crível e funcional. 
             Uma cena que me chamou muito a atenção foi a em que aparece o olho de Sauron, num tipo de caleidoscópio cinematográfico, e percebemos que na verdade o "olho" de Sauron é a sua própria armadura em chamas; é o próprio Sauron tentando encarnar novamente. Aquela cena deu todo um novo sentido ao que o espectador imaginava ser o famoso "olho" de Sauron, e eu particularmente achei isso uma sacada de mestre.
            Meus únicos problemas com o filme foram a cena final e a falta de carisma dos anões. Achei o ato final, um corre-corre danado pra tentar parar o Smaug, um tanto quanto cansativo, e até mesmo desnecessário. Achei que essa parte poderia ter sido mais fiel ao livro, que teria feito mais sentido, e ter sido menos cansativo. O outro ponto negativo é que as personalidades dos anões são muito pouco desenvolvidas. Sei que são muitos anões, mas um ou outro poderiam ter ganho mais destaque. No fim, fica difícil criar alguma empatia por eles.
            Enfim, quando foi anunciado que O Hobbit seria dividido em três filmes, fui um dos poucos que ficou eufórico com a ideia. Pra mim, quanto mais tempo na Terra Média melhor. Porém, devo concordar que dividir um livro com pouco mais de 300 páginas em três filmes é um pouco demais. Financeiramente, é totalmente compreensível, mas isso acaba por comprometer o resultado final da obra Peter Jackson. Que Lá e De Volta Outra Vez, o filme que vai fechar a trilogia, acaba de vez com todo o "mimimi" e seja o grande filme de 2015 (ao lado de Vingadores 2, claro).

Observação: Na cena da tentativa de invasão do Reino dos Elfos da Floresta pelos orcs, fiquei extremamente incomodado pela facilidade com que os guardas élficos são abatidos pelos orcs. Podemos aceitar um ou dois serem pegos de surpresa, mas é muito estranho ver os orcs os derrubando facilmente enquanto o Legolas sozinho mata trocentos orcs se equilibrando na cabeça de um anão! Ok, o Legolas é o Legolas, mas, desculpe pelo trocadilho, os elfos também são os elfos, e essa cena destoou muito de como eles são representados por Tolkien.


0 comentários:

Postar um comentário

Blog contents © Portfólio da Vida 2010. Blogger Theme by Nymphont.