Once Upon a Time [1º Temporada]

sábado, 22 de março de 2014

Dessa vez resolvi fazer uma crítica de algo que ainda não foi comentando aqui no site: séries. Não é nem preciso dizer o quão forte é essa mídia nos dias de hoje. Meu primeiro contato com o mundo das séries foi através de Arrow, série do Arqueiro Verde, icônico personagem da editora DC. A partir daí, não parei mais. Mas como a segunda temporada ainda está em andamento, não é de Arrow que vou falar, e sim de Once Upon a Time, série da emissora ABC que estreou em 2011, e atualmente está na sua terceira temporada.

            Em Once Upon a Time, a Bruxa Má da Branca de Neve lança uma terrível maldição nos personagens dos contos de fada. Suas lembranças são totalmente apagadas, e eles são transportados para um mundo sem magia, o nosso mundo. Henry, um  garotinho que não deve ter mais de 10 anos e é o filho adotivo da Bruxa Má, parece ser o único a saber da maldição e vai atrás de sua mãe biológica, Emma, que o abandonou ainda bebê. E assim Emma é levada a Storybrooke, cidade onde vivem todos os personagens, e onde tudo vai acontecer.

            A série possui uma premissa muito interessante, e foi isso que me fez ir atrás dela, mesmo com algumas pessoas me falando que era uma série meio bobinha, voltada pro público feminino. Antes de assistir o primeiro episódio, eu imaginei que as coisas fossem um pouco diferentes. Achava que todos os personagens tinham lembranças de suas vidas passadas, e que a série iria focar na adaptação desses personagens clássicos em nosso mundo caótico. Como você pode ver pela sinopse, não é bem assim. A série foca no drama diário dos personagens em suas novas vidas em Storybrooke, e em flashbacks da vida pregressa dos personagens.
            Em muitos momentos, os dramas mundanos dos personagens são o foco dos episódios, o que faz com que pareça que estamos acompanhando uma novela, e não uma série com personagens de contos de fada. Na minha opinião, esse acabou sendo o elo mais fraco da série. Em alguns momentos a história tende demais pro romance idealizado, e bate muito na tecla de que o amor supera tudo. Tem que ter também um pouco daquela suspensão de descrença pro fato do príncipe sempre superar todos os desafios impostos a ele, quando tantos antes falharam. Coisa de conto de fadas mesmo.
            E apesar de ter um pouquinho dessa pegada de novela das sete, principalmente no começo, a ideia dos flashbacks funciona muito bem. Assim como em Arrow, o seriado intercala momentos no tempo atual, com lembranças da vida pregressa dos personagens. São esses flashbacks que tornam os episódios tão diferentes.
            O outro ponto fraco da temporada foi que não consegui criar nenhum tipo de relação com os personagens. Eu estava muito mais preocupado com o desenrolar da história, do que com o destino dos personagens em si.
            Ah, os efeitos especiais também são bem fraquinhos. O figurino é muito bom, mas a maioria das cenas que exigem algum tipo de efeito especial não são muito críveis. Mas, nada que comprometa, afinal, todos sabemos que o orçamento de seriados é apertado, e não podemos esperar nenhum tipo de superprodução.
            O que acaba sendo a grande sacada do seriado é que ele nos apresenta o mundo dos contos de fadas de um modo totalmente novo, com histórias totalmente reinventadas. Todos os personagens, sejam a Chapeuzinho Vermelho, os anões da Branca de Neve ou o Pinóquio, vivem no mesmo universo e suas histórias estão todas interligadas. Portanto, se você acha que conhece contos como o da Chapeuzinho Vermelho, é hora de rever isso aí, pois Once Upon a Time vai virar essas histórias de cabeça pra baixo. E o mais legal de tudo isso é que tudo o que acontece em cada uma dessas histórias possui uma razão. Então se prepare, pois você vai descobrir quem está por trás do espelho mágico da Rainha Má, o porque de seu ódio pela Branca de Neve, o porquê do Grilo Falante falar, dentre muitas outras coisas.
            Outro destaque da série é a atuação de Robert Carlyle, que interpreta Rumpelstiltskin na série. Ele é aquele personagem dúbio que parece jogar em todos os lados para alcançar objetivos próprios, e, apesar de ser um vilão, o ator dá uma profundidade que acaba fazendo que você não torça de todo contra ele. E assim também é com o outro antagonista da série. Nem mesmo a Bruxa Má é má por natureza, e isso também a torna um personagem interessante. Ao longo dos episódios você descobre o que aconteceu na vida dela para transformá-la numa das maiores vilãs dos contos de fada. Não que você vá gostar dela por causa disso, mas é sempre bom ter um background por trás dos personagens, pra não ficar uma coisa muito caricata.
            E se no começo da temporada, os episódios eram meio parados, da metade pro final tudo começa a acontecer num ritmo frenético, com muitos mistérios e reviravoltas na trama, e o season finale nos deixa com vontade de assistir a uma segunda temporada.
            Vale ressaltar, porém, que mesmo quando a série não tinha engrenado ainda, eu sempre ficava com vontade de assistir o próximo episódio. É uma série muito gostosa de assistir, sem compromisso, e que apesar dos episódios não terminarem com aquele gancho sensacional que te fazem querer não parar de ver nunca, você está sempre querendo assistir mais um episódio.


Entrelinhas

            No início achava a ideia de Once Upon a Time totalmente inovadora, até descobrir a existência de uma série de HQ chamada Fábulas, que nos apresenta vários personagens de contos de fadas e folclore que foram expulsos de seu mundo por um inimigo desconhecido. Mandados para a Terra, formam na cidade de Nova York uma comunidade clandestina conhecida como Cidade das Fábulas.
            Não estou dizendo que é plágio, até porque as histórias tem pegadas totalmente diferentes, mas é no mínimo digno de nota a semelhança.

            Há uma fala em um dos episódios que me marcou bastante. Pra não dar muito spoiler, basta saber que um dos personagens tenta provar algo à protagonista. Emma, porém, não quer acreditar. No momento em que ele mostra a prova cabal da verdade, ela não a enxerga. De tanto que Emma não quer acreditar, ela não enxerga a verdade que está diante de seus olhos. E não no sentido metafórico, ela realmente não enxerga. Consegui ver várias camadas nessa cena, e achei válido deixar aqui como reflexão.  

            Outra observação importante é a de que apesar de não ter criado um laço com os personagens, criei certa empatia pelo David, ou Prince Charming. No mundo real ele se vê diante de um dilema que achei humano demais, e, talvez pela minha própria história de vida, me identifiquei bastante com o dilema que ele estava enfrentando. No fim, por mais que a gente saiba que ele estava agindo de forma errada, também sei o quanto é difícil tomar certas decisões, e saber se estamos fazendo a coisa certa.

1 comentários:

Paulo Rennes Marçal Ribeiro disse...

Gostei do artigo de Padu Aragon e graças a ele resolvi assistir a Once Upon a Time... É difícil, há muitas séries boas e nosso tempo também é ocupado por família, trabalho, outros lazeres, etc... Mas Padu sempre acerta nas séries que comenta e ele me incentiva a ir atrás de várias que, a princípio, eu não havia dado tanta importância. Nem preciso dizer que já virei fã nº 1 desse crítico nota dez!!!!! Então vamos lá assistir a mais uma série...

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