Thor: O Mundo Sombrio

domingo, 24 de novembro de 2013

Thor: O Mundo Sombrio chega aos cinemas trazendo com ele a maior responsabilidade da Marvel dentre todos os filmes do estúdio até agora, primeiro pelo fato de ter que ser superior ao primeiro filme, que foi considerado o mais fraco da chamada primeira fase, e segundo por ter que recuperar os fãs da decepção do razoável Homem de Ferro 3.

   O primeiro Thor foi a primeira grande aposta arriscada do estúdio, pois o herói era o único dos Vingadores dos cinemas que tinha seus poderes não por conta de tecnologia, e sim por ser um deus nórdico com poderes "mágicos". Essa natureza não combinava com a pegada mais realista dos demais filmes do estúdio, o que dificultou a produção do longa, e não o deixou sair da zona de segurança, resultando num filme mediano. Apesar disso, a Marvel fez o filme cumprir seu propósito: apresentar o personagem dignamente para o vindouro filme dos Vingadores.
             A trama de Thor 2 começa depois de os eventos de Os Vingadores. Loki (Tom Hiddleston) está preso em Asgard, que celebra as últimas batalhas pela pacificação dos Nove Reinos que Asgard mantém sob vigilância. A hora de coroar um novo rei se aproxima, mas uma ameaça ancestral ressurge na forma de Malekith, O Maldito (Christopher Eccleston), o rei dos Elfos Negros, uma raça que foi subjugada há 5 mil anos pelo avô de Thor (Chris Hemsworth), Bor, e que se acreditava destruída.
             A primeira melhora a ser notada logo de cara é a evolução de Chris Hemsworth, muito mais confiante e à vontade com seu personagem. Além disso, fica clara a evolução do próprio personagem, que abandonou a prepotência do arco do primeiro filme, e agora está muito mais humilde e carismático.
            Como em toda sequência, outra vantagem de Thor 2 é o fato do filme não precisar apresentar e construir seus protagonistas
            Mas, primeiramente, vamos à trama do filme, que não é das mais originais: há um vilão que está atrás de uma fonte de energia que potencialize a sua força e o torne mais forte que os protagonistas, cabendo ao herói destruir tal fonte e impedir o vilão antes que seja tarde demais. Mas é aí que entra o método Marvel, adicionando uma boa dose de humor com pitadas de mitologia das HQs para fazer com que esse "plot" já tão utilizado pareça algo novo. E funciona, de novo. Thor: O Mundo Sombrio é um ótimo entretenimento que divertirá o espectador com diálogos bem estruturados, uma boa carga de alívio cômico, e uma boa dose de ótimas cenas de ação.
            O filme foi muito bem recebido por público e crítica, mas uma das reclamações que andei mais lendo pela internet foi a respeito das coincidências do roteiro, que força algumas situações, principalmente as que envolvem o par romântico do deus do trovão, Jane Foster (Natalie Portman), para o andar da trama. Realmente, alguns momentos soam um pouco forçados, mas nada é jogada na cara do espectador apenas como recurso para solucionar as situações impostas pelo roteiro. Essas “coincidências" são todas parte do contexto do filme, e vão sendo trabalhadas ao longo de toda a metragem. E se formos parar pra pensar, que filmes não usam desse recurso? São poucos os casos de filmes que não precisam se apoiar na "sorte" dos protagonistas, porque normalmente é essa boa dose de sorte que faz o filme acontecer.
            Outra reclamação frequente de quem assistiu o filme diz respeito aos Elfos Negros, que apesar de introduzidos de forma satisfatória, poderiam ser melhor explorados e aproveitados. Suas motivações soam superficiais demais, e o personagem acaba sendo raso: Malekith quer simplesmente destruir o Universo como o conhecemos. Apesar disso ser verdade, eu consegui ver um pouco de profundidade no personagem. Os Elfos Negros são uma raça que existem desde antes do nosso Universo sequer existir (no filme é citado que existem milhares de Universos e realidades alternativas, e que esses Universos podem morrer, e outros podem nascer em seu lugar), quando a própria realidade era muito diferente da qual estamos acostumados. Segundo o próprio Malekith, o Universo era permeado pelas trevas, provavelmente um tipo totalmente diferente de energia, e o nascimento do "nosso" Universo e o dos Asgardianos trouxe a luz. O que os Elfos Negros querem é trazer as trevas de volta, ou seja, eles querem o mesmo Universo no qual a sua civilização floresceu, antes de ser subjulgada pela "luz" asgardiana. Pra mim, isso não é tão superficial como têm-se falado: os Elfos Negros querem voltar pra sua zona de conforto, e atuam como todo império tirano atua, destruindo tudo que não vem de sua própria cultura.
            Ainda assim, a tal arma que o vilão busca, chamada de Éter, é muito mau apresentada, e funciona apenas como desculpa pra história acontecer. Mesmo assim, ela acaba tendo uma importância maior do que o esperado pois vai ser parte fundamental de um dos próximos filmes da Marvel: Guardiões da Galáxia.
            Mas o "vilão" que realmente rouba a cena, de novo, é Loki. A atuação de Tom Hiddleston é impecável e beira a perfeição: o personagem é sarcástico, canastrão e acaba se tornando uma espécie de anti-herói, pois sua conduta é tão convincente que nos cativa a torcer por ele de alguma forma. Loki entra triunfalmente na trama, trazendo muito humor, diálogos afiados e uma sensacional, e completamente inesperada, ponta de outro membro dos Vingadores (não posso falar mais pra não estragar a agradável surpresa). Rimos não só de suas piadas, mas também da troca de farpas entre irmãos, e das situações que ele o coloca. E apesar do humor do filme como um todo ser muito bom, como já disse anteriormente, são as cenas protagonizadas pelo meio-irmão do Thor as mais hilárias, principalmente pelo fato de Loki não precisar fazer piadas para ser engraçado.
             Além disso, é muito bom ver Thor e Loki lado a lado. Você fica o tempo todo receoso, acreditando que ele vai ajudar, mas ao mesmo tempo você nunca sabe o que o personagem está realmente tramando, e fica esperando por uma traição. Afinal, é da natureza do Loki pregar peças, tanto nos quadrinhos quanto na mitologia nórdica. Ele é aquele cara que gosta de fazer uma artimanha, mas que na hora percebe que passou dos limites. Mesmo assim, ele não se corrige, e logo está fazendo tudo de novo, e essa é a graça do personagem, o que nos identifica com ele, e o que não nos deixa, por mais que queiramos, torcer contra ele. E essa personalidade complexa, e a relação com o Thor e com seu pai adotivo, Odin, é um dos pontos fortes não somente dos filmes do Thor, mas um dos pontos mais profundos e bem desenvolvido de todos os filmes Marvel.
             Acredito que em Thor: O Mundo Sombrio chegamos a versão definitiva do personagem nos cinemas, a encarnação perfeita do deus da trapaça. Vale ressaltar que há duas reviravoltas sensacionais no filme, que me pegaram de surpresa, e que acredito que deixaram mais da metade do cinema boquiaberta.
            Mas apesar de sempre estar se falando do Loki, nada do que foi dito seria possível sem a interpretação inspirada de Tom Hiddleston. Loki precisa de um bom protagonista pra poder aparecer, e Tom não deixa a desejar em sua interpretação.
            Além da dupla de protagonistas, temos o par romântico do Thor, que aqui ganha um papel de maior importância pra trama. Apesar disso, acho esse romance totalmente dispensável. Além do que, por mais bonita que seja a Natalie Portman, acho a Lady Sif (Jaimie Alexander), que tá muito mais pro Thor do que a Jane, muito mais linda. Tá dando mole, Thor!
             Completando o elenco, temos Rene Russo como Frigga, esposa de Odin e mãe de Thor, que tem uma participação estendida e realmente importante para a trama, o que foi uma das exigências da atriz para voltar ao papel. Anthony Hopkins também está muito bem como Odin.
             Infelizmente, a produção preferiu focar mais no núcleo terráqueo da história do que no núcleo asgardiano propriamente dito. Seria muito mais interessante investir justamente nesse lado do história do que forçar a presença do núcleo humano. Foi um tempo desperdiçado que poderia ter sido utilizado para explorar outros personagens, como por exemplo, um certo conflito entre a Lady Sif e Jane Foster. Os próprios Três Guerreiros Volstagg (Ray Stevenson), Gogun (Tadanobu Asano) e Fandral (Zachary Levi) são muito pouco aproveitados.
             Tecnicamente, o filme é praticamente irretocável. Dessa vez conhecemos muito mais do mundo de Asgard, que realmente mostra a fusão entre ciência e magia, com guerreiros com espada e escudo e armas laser, além de naves espaciais. Cada aspecto das civilizações retratadas é bem explorado e desenvolvido. A nave do Malekith e a tecnologia dos Elfos Negros são um espetáculo à parte, assim como a nova tecnologia asgardiana. Eu particularmente adorei uma das armas usadas pelos Elfos, um tipo de granada que cria um mini buraco negro. As cenas de ação também são outro espetáculo, principalmente durante a batalha final, em que os protagonistas transitam entre os Nove Reinos enquanto lutam.

            É muito legal também o fato do filme ter uma pegada mais sci-fi. Os asgardianos são mostrados muito mais como seres alienígenas tecnológicos do que puramente como seres místicos. Tecnologia e magia pra eles é a mesma coisa. O próprio Odin diz isso com todas as letras, logo no começo do filme: “Não somos deuses!”. Eu gosto mais desse lado ficção científica do que do lado místico da mitologia do Thor dos quadrinhos, porque acho que se encaixa melhor nesse universo Marvel criado nos cinemas.
             Pra finalizar, li algo no site supernovo.com.br que resume perfeitamente minha opinião sobre a famosa "fórmula Marvel" de se fazer filmes de super-heróis: "desde 2008, com Homem de Ferro, a Marvel Studios apresentou o "estilo Marvel" de se fazer filmes de super-heróis.O estúdio quebrou vários clichês do gênero e ainda aproveitou para criar alguns novos, inspirando não só outros filmes de super-herói, mas todo a indústria do entretenimento. Thor: O Mundo Sombrio é um fantástico exemplo de como esse método funciona, mas ele não adiciona nada à essa brincadeira. Mas é aí que entra o método Marvel pra modificar a brincadeira, adicionando uma boa dose de humor com pitadas de mitologia interna para fazer com que esse plot já tão utilizado pareça algo com frescor. Funciona muito bem e dá pra assistir tranquilamente e não se incomodar em ver algo reciclado nas telas. Porém, o fato do método Marvel funcionar tão bem, faz com que a produção de Thor 2 fique um pouco preguiçosa e não ouse nada mais, não vá além do que precisa. E então nós temos aquela questão de como a narrativa serializada da Marvel acaba agindo negativamente. Se nós temos um novo filme de super-herói a cada 6 meses, e então esses filmes não adicionam nada de novo à essa formula, ai gera um desgaste pesado em quem assiste." Essa é a opinião de Leandro Barros, que escreveu isso em sua crítica do filme. Porém, até certo ponto, tenho que concordar com ele. Por mais que eu ame os filmes da Marvel, as vezes gostaria de ver algo de diferente e mais ousado em suas produções. E estou seriamente esperando isso em Capitão América: O Soldado Invernal.
             Enfim, Thor: O Mundo Sombrio, é um ótimo filme de super-heróis que agradará a todos que curtem o gênero, e traz um novo fôlego para a fase 2 da Marvel nos cinemas. 


Link do Trailer Legendadohttp://www.youtube.com/watch?v=jouj_wyUnHw

Entrelinhas


             Se teve algo que eu sempre tive dificuldade pra entender foi a complexa mitologia do Thor nos quadrinhos. Mas depois de muita pesquisa, isso parece ter ficado mais claro pra mim, e espero que possa esclarecer vocês também, que nunca leram muito do personagem. 
             Aparentemente, no universo Marvel existem infinitas dimensões e universos alternativos.
             Há inúmeras dimensões diferentes, como se fossem infinitos universos paralelos, que coexistem ao mesmo tempo sem interferirem diretamente umas com as outras. Cada uma possui suas próprias constantes físicas e leis próprias, o que leva à existências desde dimensões muito similares à nossa, até as mais malucas e bizarras. Os Nove Reinos são 9 dessas dimensões sob o domínio do Reino de Odin.
            Além das dimensões, existem inúmeros universos alternativos. O que acontece é que as linhas temporais do universo Marvel se ramificam a cada tomada de decisão, seja natural ou não. O que acontece então é que existe um universo alternativo diferente pra cada diferente possibilidade física. Imagine quantos universos alternativos são possíveis, somadas as inúmeras dimensões existentes. De explodir cabeças não?



            Vou explicar aqui também outra coisa que não ficou muito clara nos Vingadores: pra quem não lembra, no final de Thor o protagonista quebra a ponte Bifrost (aquela ponte multicolorida que permite a viagem entre mundos), e os Nove Reinos passam sufoco sem a proteção de Asgard. Em desespero, Odin precisou quebrar muitas regras (não fica claro que regras são essas) para conseguir mandar Thor à Terra em Os Vingadores, de maneira que ele possa recuperar o Tesseract, mais conhecido como Cubo Cósmico, que aparece no filme solo do Capitão América. Ao final de Os Vingadores e também no prelúdio de Thor 2, vemos Thor levar tanto o Cubo quanto Loki para Asgard e aprendemos que ele usa a força do Tesseract para consertar a ponte. O filme dos Vingadores termina e Thor 2 começa justamente no ponto em que Thor e um exército asgardiano partem para salvar os mundos atacados durante a ausência da liderança de Odin.


As críticas do Portfólio da Vida não são feitas por um profissional. Não sou crítico de cinema, nem me encho de referências para criticar um filme. Minhas opiniões são como as suas: alguém que adora filmes e os assiste em busca de diversão, e porque não, boas reflexões.  Não assisto filmes procurando furos de roteiro, portanto um filme cinco estrelas não necessariamente é um filme perfeito, mas sim um filme que mexeu comigo, e me prendeu do começo ao fim. Da mesma forma, filmes com notas mais baixas não são ruins, apenas não me despertaram tanto interesse, mas podem despertar o seu. Nunca deixe de assistir um filme por causa da opinião de outras pessoas. E lembre-se: discussões saudáveis são sempre bem vindas!




1 comentários:

Luiz Victor disse...

Mais um ótima resenha. Esse é realmente um ótimo filme, só achei muita coincidência a Jane ter encontrado o Éter.

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